Capítulo 11: Conversas inusitadas

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— Quanto tempo mais vocês demorarão para encontrá-la?!

Gritou a mulher de cabelos brancos e olhos verdes. Estava sentada em um altar feito sob uma antiga árvore, onde o tronco se retorcia em diferentes direções formando figuras de corpos humanos. Seu olhar insatisfeito e inquieto, vagava pelo salão escuro situado nas profundas raízes de uma floresta antiga.

O ar límpido, propagava suas palavras em um eco misterioso, que transmuta sua voz em um sussurro maligno. Os seres presentes, um elfo, um centauro e uma ninfa, se entreolharam sem saber como responder àquela pergunta.

Nenhum deles tinha uma boa razão para ter falhado em sua busca, pois simplesmente não tinham encontrado o que estavam procurando, e por isso, ficaram emudecidos pelo medo.

Foi então que uma criatura, pequena o suficiente para se aproximar sem ser vista, e ingênua o bastante para acreditar na bondade alheia, se aproximou do altar. Era um pequeno texugo, ainda na fase da infância, quase adulto, que tinha os olhos brilhantes e cheios de esperança.

Ele se levantou tomando postura bípede e fez reverência para àquela sentada no trono. Depois, começou a falar:

— Minha senhora, Lady Dáffine, ó ninfa que protege e fortalece todos os seres, eu sou Pepe o texugo, e venho aqui falar sobre a busca de Aurora.

A ninfa Dáffine, permaneceu imóvel onde estava, apenas ajeitando seus cabelos em uma longa trança, e sem olhar para a pequena criatura, a qual o elfo sabia que viraria churrasco. Ela falou:

— Tem permissão para prosseguir.

Os pequenos negros olhos se ascenderam, e ele sem demoras apresentou o que tinha em mente.

— Minha Cara Senhora, nós todos, animais considerados mais inferiores da floresta, sabemos muito bem da situação que tem acontecido. Apesar de sermos considerados ignorantes na visão dos seres mágicos, como centauros e elfos, nós temos olhos de ver e ouvidos de ouvir.

O texugo encarou firmemente a ninfa, o centauro e o elfo que estavam pouco interessados naquela criatura que julgavam burra e incapaz. Uma pequena e fofa bola de pelo, que nada sabia além de se reproduzir e cavar buracos na terra.

— Vim em nome de todos os animais da floresta propor que confiem a nós a missão de encontrar a tal Aurora. Todos os animais juntos, temos maior número do que os seres mágicos, podemos achá-la mais rápido. — Concluiu ele em tom digno.

— Ptff... AHA HA HA HA HA HA!

Riu Dáffine, tendo sua risada acompanhada pelas dos outros seres. E depois, de súbito, ela ficou em silêncio, séria olhando o texugo.

— Você por acaso sabe o que é Aurora?

— Claro que sei... é algo que a senhora precisa! Algo que faz os animais da floresta acordarem!

A ninfa se levantou de seu trono, e desceu os degraus lentamente, chegando até onde o animal estava. Ele, temendo por sua vida, se prostrou à frente dela, e a reação da mesma surpreendeu a todos presentes.

Dáffine pegou no colo a pequena criatura, aconchegando-a como um gato, e acariciando seu pelo áspero. Foi até a janela do amplo hall onde estavam, e passou a contemplar a paisagem a muito tempo intocada pelos homens.

Estavam em um castelo antigo, agora abandonado, onde os seres não humanos haviam feito sua casa, e Dáffine criado seu reino para protegê-los.

Era a antiga Arandella.

Os animais fora do hall, pássaros, esquilos, cervos, raposas, sapos, e pássaros, olhavam a situação e escutavam tudo o que ela dizia.

— Pequeno texugo... Pepe, admiro sua coragem em vir até mim oferecer ajuda. Porém, não vejo que tipo de ajuda você possa me dar.

A princesa e o Dragão: O retorno - Segundo LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora