Lembranças

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“Correr não adiantava, Fyodor saiu  da sala do castigo em direção ao jardim, ele se recusava a ficar mais um dia naquele inferno, sua respiração estava instável, ele tremia fortemente e a percepção de temperatura corporal apenas diminuía pela sua anemia. O garoto sorridente e feliz havia se perdido.

— Apareça monstro! - um homem gritava correndo atrás de Fyodor.

  O mesmo se escondeu atrás de um arbusto pedindo proteção a qualquer ser de boa alma que o observasse. Ele não aguentava mais aquilo, correr, fugir, gritar, chorar, se desculpar pelo o que o mesmo não fez o machucava, cada vez mais.

— ACHEI! - o homem segurou os pés de Fyodor, o puxando para fora do arbusto.
Dostoevsky se agarrou nos arbustos até suas mãos sangrarem, mas não adiantou, o mesmo chorava e se debatia, dando um chute bem no rosto daquele homem.

— SEU CRETINO! - o homem deu um soco no rosto de Fyodor o fazendo perder os movimentos por alguns instantes.

— Eu preciso fugir daqui…….”

Fyodor acordou suado e com uma sensação de ansiedade tomando o peito, ele se sentou na cama passando a mão nos cabelos grudados na testa pelo suor.

— Foi apenas um sonho - Dostoevsky se sentou na cama se acalmando - malditos sonhos.

  Fyodor saiu de sua cama indo em direção ao banheiro, precisava tomar um banho para tirar o suor e ir a faculdade mais calmo.

Saindo do banheiro Fyodor viu sua roupa já pronta na cama, e ao lado estava William seu mordomo.

— Bom dia Sr.Dostoevsky - O mordomo fez uma breve reverência.

— Bom dia William.

— O senhor está melhor meu lord? - William sorriu.

— Melhor, estou melhor, ontem fiz muito esforço, por isso desmaiei, nada demais.

— O senhor deveria ter recusado a visita daquele jovem, Lord ele é muito enérgico e o senhor não pode se esforçar até se curar!

— Eu estou bem William, é apenas uma anemia - Fyodor disse pegando as roupas da cama e se direcionando ao closet para se trocar.

— Está anemia não é apenas uma doença Lord! Eu me preocupo, eu prometi…

— Eu sei que você prometeu a meu pai me proteger e está fazendo seu trabalho, não se preocupe.

— Mas, eu não o protegi..

— Não quero falar desse assunto - Fyodor o cortou. Ele odiava lembrar de sua infância e adolescência - William prepare meu café logo irei à sala de jantar.

— Claro Lord - William saiu do quarto de Fyodor de cabeça baixa.

  Após se trocar Fyodor se direcionou a porta que dava visão ao jardim, ele a abriu e logo seu rosto foi tocado pela brisa fria e úmida, as estátuas de seu jardim ganhavam a cor branca da neve, e as roseiras secas davam uma visão morta e melancólica a fachada da mansão.

Fyodor adorava essa visão ao amanhecer, ele se sentia melancólico pensando sobre a paisagem, as rosas morrem no inverno, no entanto voltam a brotar na primavera, será que acontecia o mesmo com as pessoas? Ele acreditava que não, uma rosa após morrer nunca mais voltaria a ser a mesma, elas morrem, mas ninguém percebe pois elas continuam respirando.


Nikolai

  O dia começava e Nikolai nunca havia se sentido tão feliz, já fazia uma semana da sua estadia na cidade, e ele veria Fyodor quase todos os dias e ainda estava longe de seus pais, ele estava em um sonho e não queria acordar.

𝓓𝓸𝓾𝓬𝓮 𝓐𝓶𝓮𝓻𝓽𝓾𝓶𝓮  (Fyolai)Onde histórias criam vida. Descubra agora