O baile

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A noite caia, e o céu já se tingia em um vermelho carmesim. Dizem que o céu vermelho representa o dia dos mortos quando suas almas sobem para os céus, a redenção eterna, no entanto Fyodor queria que a alma dos que lhe causaram tão mal não fosse perdoada tão facilmente.

  A festa de Osamu Dazai, seu rival de jogos e apostas, iria começar em poucos minutos e seu carro logo se aproximava do salão. Dazai era um festeiro nato, e encantava a todos com suas piadas e bom humor, no entanto toda rosa tem seus espinhos, e Fyodor sabia bem disso, no entanto apesar de sua rivalidade com o mesmo Dostoevsky o considerava um bom aliado.

  Haviam vários carros já em frente ao salão, e seguindo a dentro já dava para ver os convidados com suas fantasias, o tema era "Alice no país das maravilhas", e o que mais havia eram mulheres vestindo seus vestidos vitorianos em semelhança ao de Alice, Fyodor usava a fantasia do coelho branco, um lindo smoking a caráter, as orelhas e o tão icônico relógio de bolso.

  Enquanto Fyodor arquitetava seu plano mentalmente, a metros dali Nikolai reclamava com seu pai.

— Não entendo o motivo de ter que vir a esta festa!

— Nikolai, você já não é tão novo assim, tem que começar a participar das reuniões, festas e assembleias! Você já deixou de ser adolescente a muito tempo - seu pai disse sem muita paciência.

— Não quero participar deste mundo! Eu quero ser livre para fazer minhas próprias escolhas - Ele disse sorrindo e girando, parecia uma criança.

— Não comece Nik! - seu pai achava que seu filho tinha algum tipo de psicose para agir de tal maneira.

— Eu participarei, no entanto não crie expectativas Папочка - ele sorriu sarcasticamente e entrou no salão.

  A decoração estava impecável, realmente parecia ter saído de um conto de fadas, os doces em formato de cartas e com cores vibrantes, a decoração em um tom vermelho sangue cheio de naipes por todos os lados, e ninguém mais ninguém menos que Osamu Dazai vestido como a rainha vermelha, alguns convidados o acharam ousado pela roupa, já outros ficaram encantados pela beleza do moreno, Osamu se aproximou de Nikolai e sorriu ao mesmo que o olhou não muito animado.

— Quanto tempo Nikolai - Dazai sorriu.

— Não muito, um ano no máximo - Nikolai sorriu olhando de cima abaixo - e que bela roupa, agora só tem que conquistar seu rei - ele sorriu sarcasticamente.

— Obrigada e o meu rei já foi conquistado.

— Não acredito! - Nik disse surpreso.

— É, eu e o Chuuya já estamos juntos a três meses, quem é o encalhado agora?

— Parabéns e cada pimenta?

— Ele está ali perto dos convidados - Osamu mostrou Chuuya conversando com algumas pessoas. O ruivo usava fantasia do gato risonho - bem eu vou indo mais tarde a gente conversa Nik.

— Falo - Nikolai nem esperou Osamu terminar e se virou de costas.

Nikolai sorria aos convidados que elogiaram sua fantasia, quem melhor para ser o tão querido chapeleiro maluco, mas mesmo com os elogios e as pessoas tentando conversar com ele o mesmo ainda se sentia deslocado, todos conversavam de negócios, amantes, amores fracassados, amores conquistados, empresas e isso tudo era uma repleta chatice para Nikolai.

Ninguém entendia suas opiniões e seu jeito de ser dizendo sobre  seu jeito de pensar, sua visão de ser livre, livre de amores, negócios, livre de tudo, não a liberdade enganosa que todos achavam ter, mas sim a liberdade, de se desvincular da sociedade, seguir suas próprias regras ou regra nenhuma, a liberdade de um pássaro, seu pai já o havia levado a diversos psiquiatras e psicólogos que diziam o ajudar, mas para que ajudar quem apenas quer a liberdade, isso era o que circulava na mente de Nikolai.
 
Já havia se passado no mínimo uma hora daquele baile e Nikolai estava entediado em um canto observando tudo, ele girava o vinho dentro da taça que naquela altura já estava completamente morno.

𝓓𝓸𝓾𝓬𝓮 𝓐𝓶𝓮𝓻𝓽𝓾𝓶𝓮  (Fyolai)Onde histórias criam vida. Descubra agora