Quebrando o pacto

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Catra Applesauce's POV

Weaver,

Foi assim que você planejou isso o tempo todo?

Claro que foi.

Como fui idiota por não perceber o esquema em sua totalidade. Ou – devo ser honesta comigo mesma – talvez eu soubesse a verdade. Mas queria tanto o poder também...

Esta noite, porém, quando encostei as presas no pescoço de Anastácia, todo o futuro ficou claro para mim. O cheiro do sangue dela foi como um soro da verdade injetado nas minhas veias, um espelho rachado refletindo meu próprio "eu" infernal.

Você sabia o tempo todo que uma garota americana, que não fosse criada como vampira, seria destruída com facilidade caso assumisse o trono. A carta que escrevi, alertando que Adora não estava preparada, que estaria vulnerável ao ataque de fêmeas famintas pelo poder, não foi uma revelação para você. A fragilidade dela o agradava. Você contava com isso. Ah, meu Deus, Weaver, será que nós contávamos com isso?

Eu teria me casado com ela, cumprindo o pacto, teria levado Anastácia para o nosso mundo na Romênia, onde ela ficaria quase absolutamente indefesa, e então, iria abandoná-la ao seu destino sinistro. Quando? Quanto tempo isso teria demorado? Um ano? Menos? Mas, a essa altura, os clãs iriam estar unidos de forma legítima e todo o poder estaria nas nossas mãos. Nas suas mãos.

Você forçaria o destino, Weaver? Iria derrubá-la pessoalmente? Em segredo, é claro, com a mão enluvada de um de seus lacaios... Ou tentaria forçar a minha mão?

Com Anastácia escondida em nosso castelo no alto, quem seria melhor para cuidar de sua “destruição” do que a mulher que compartilhava a cama com ela?

Seria esse o golpe mais cruel, Weaver? Fazer com eu me sentisse como me sinto e depois arruiná-la? Seria essa sua tentativa de me endurecer? Mesmo para você isso parece maligno demais. Vil demais. Ou talvez, mesmo depois de todos esses anos, eu o subestime – o que é sempre um erro perigoso.

E se eu não fizesse como me orientou, se não a destruísse, você me despacharia também, acusando-me de insubordinação? Eliminaria a herdeira inconveniente? Quem, entre os Anciões Vladulescu – e presumo que todos conheçam e aplaudam suas intenções relativas à Adora - iria culpá-lo?

Que desgraça! O poder que você teria, então: Controle absoluto sobre os dois maiores clãs de vampiros, sem nenhum sucessor para mordiscar seus calcanhares.

Você sabia o tempo todo que eu chegaria a ter um sentimento tão profundo por ela?

Não é adequadamente cruel, Weaver, que, agora, para protegê-la, eu precise abrir mão dela?

Liberte-nos, Weaver. Libere Anastácia de mim e me libere, também, ainda que por pouco tempo. Apenas por alguns meses. É tudo que peço. Deixe-me em paz. Não quero pensar em pactos, em poder, nem em nada do que, como você, sou capaz de fazer.

Porque a parte mais doentia é que, mesmo de má vontade, admiro sua estratégia. Sinto um prazer doentio ao ver o plano em sua totalidade. Ao saber que, no seu lugar, eu teria feito a mesma coisa: Sacrificaria uma adolescente americana insignificante sem pensar duas vezes, no interesse de comandar tantas legiões malditas de vampiros. Quase posso sentir o poder em minhas mãos.

Mas, é óbvio, eu sou quem sou: Produto de suas mãos.

Assim permaneço como sempre,

Sua,

Sempre, irrevogavelmente e irredimivelmente,

Catra.

P.S: Anastácia pode surpreender todos nós, Weaver. Pode mesmo. Talvez tenha uma tremenda capacidade de lutar. Mas não serei o instrumento de sua inevitável destruição.

Como se livrar de uma Vampira Apaixonada  |  CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora