Terra Natal

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Adora Grayskull's POV

– E o prêmio de espírito escolar da Escola Woodrow Wilson vai para... Perfuma Plumeria!

Meus dedos seguraram a cerca de arame enquanto a garota, responsável pela destruição de Catra, caminhava até o tablado como uma espécie de heroína, subindo os degraus sob um coro de assobios e aplausos de um mar de formandos que usavam capelos e becas azul-marinho. Sob o capelo, os cabelos loiros de Perfuma se agitavam sob uma bandeira ao vento enquanto ela recebia o prêmio e acenava para a multidão.

O entorpecimento, que eu havia alimentado cuidadosamente como estratégia para enfrentar a dor, a fúria e a perda, quase se despedaçou ao ver Perfuma ser aplaudida, e não sei como me contive para não soltar um grito.

Por que vim assistir à formatura? Eu havia me recusado a participar da cerimônia, mas alguma coisa perversa dentro de mim, tinha me atraído para o campo de futebol. Eu estava ali para testemunhar meus colegas de escola receberem seus diplomas. A maior parte deles, eu conhecia desde a infância. Alguns haviam participado do extermínio da pessoa que eu mais amei nesse mundo. Acho que queria ver o rosto deles. Haveria algum vestígio do ato maligno cometido no celeiro? Ou teriam se convencido de que nada acontecera, como Micah aconselhara? O que me deixava mais arrasada, era pensar que, um ou dois deles, acreditavam que tinham feito uma coisa boa. Será que Bow sentia isso? Ele dissera naquela noite: "Tinha que ser eu". O que isso significava?

Anastácia. – A voz era baixa, porém nítida. – Não adianta se torturar. Ainda que sonhar com uma vingança seja um comportamento muito típico de um vampiro.

Eu me virei e o vi.

Um vampiro ligeiramente alto, meio branquelo, à poucos metros de mim, estava encostado na parede de um quiosque. Usava uma camiseta azul-marinho com o mascote da Wilson, um cachorro de aparência durona, com papada, chamado Woody, bordado no peito.

Encontrando meu olhar, o vampiro acenou.

Só de ver Micah, alguém ligado à Catra e aquela noite, senti vontade de vomitar. Quando meu estômago parou com os espasmos, comecei a andar feito uma zumbi.

Atrás de mim, ouvi mais aplausos enquanto Scorpia Horde ganhava o prêmio de melhor atleta.

Os aplausos pareciam vir de quilômetros de distância, à medida que eu caminhava pela grama, na direção de Micah. Na direção de um passado breve, porém intenso, que ainda me consumia.

– Ora, ora, ora. Você está tão pálida e séria! – Micah riu enquanto eu me aproximava. – Quase como uma vampira de verdade. – Ele me abraçou, mas fiquei rígida. Eu ainda não o perdoara por fracassar em proteger Catra. – Por que não está se formando hoje, como os outros?

– Eles não significam nada para mim. – respondi, me afastando dele.

– E, no entanto, está aqui!

– Micah, esquece isso. O que você está fazendo aqui?

– Hum... – Ele franziu a testa. – É um negócio muito complicado. Muito difícil de explicar.

Eu não estava a fim de nada desafiador, mas perguntei assim mesmo:

– Que tipo de negócio complicado?

– Está havendo uma disputa ferrenha na Romênia. – Micah suspirou, evitando meu olhar. – Na verdade, é uma tremenda confusão. Você não deveria saber disso, é claro. Mas não achei justo mantê-la no escuro. Provavelmente fizemos isso por mais tempo que o recomendável. Foi ideia da Catra. Não me culpe. Se ela soubesse que estou aqui...

Meus joelhos quase se dobraram, mas Micah avançou depressa para segurar meu cotovelo.

– Firme aí!

Como se livrar de uma Vampira Apaixonada  |  CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora