Conhecendo os Daftoi

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Adora Grayskull's POV

Depois de tudo o que Catra havia me contado sobre morar em castelos, comer as melhores comidas e ter roupas feitas sob medida, fiquei meio surpresa ao me ver chacoalhando nas estradas esburacadas da região rural da Romênia num velho Fiat Panda.

– Ah, Micah... – falei, segurando o painel enquanto meu tio forçava as engrenagens a obedecê-lo mais uma vez. – Achei que fôssemos da realeza vampírica.

Micah assentiu.

– Somos mesmo. Excelente linhagem de sangue.

– Como explica esse carro, então?

– Ah. Isso. Não pense que esse veículo representa nossa herança. É apenas uma manifestação temporária de nossas... É... Circunstâncias reduzidas.

Ele lutou com a direção não hidráulica, tentando evitar um buraco enquanto subíamos para os Cárpatos.

As montanhas da Romênia formavam um contraste violento com os Apalaches, que se erguiam delicadamente na Pensilvânia. Na verdade, os Cárpatos, íngremes, rochosos, serrilhados, fariam os Apalaches sentir vergonha de serem chamados de montanhas. De vez em quando, a estrada dobrava sobre precipícios de tirar o fôlego e depois serpenteava em florestas densas e sombreadas, nas quais, segundo garantiu Micah, ursos e lobos ainda viviam. Em seguida, ela emergia na claridade, cortando cidadezinhas que pareciam esculpidas em pedra e datadas da Idade Média. Cabanas tortas, pequenas capelas e tavernas movimentadas surgiam nas ruas estreitas. Eu vislumbrava essas coisas e depois, num piscar de olhos, mergulhávamos de novo na floresta.

Dava pra ver porque Catra tinha saudades da sua terra natal: As aldeias de contos de fadas. A sensação de que o tempo havia parado. A impressão penetrante de estarmos dentro de um mistério oculto. Um enclave secreto, indomável, esquecido num mundo moderno.

– Segure-se. – avisou Micah, saindo da estrada principal que vinha de Bucareste e entrando numa pista ainda mais estreita.

Fomos chacoalhando e minha cabeça bateu no teto do Panda.

– Aí! Isso é mesmo o melhor que podemos ter?

– Bem, eu lhe disse. O clã andou atravessando um período difícil nos últimos anos. Vendemos a Mercedes há anos. Mas o Fiat é bastante confiável. Não tenho reclamações. Nenhuma.

Eu tinha algumas. Como deveria assumir meu lugar de direito de princesa vampira quando meio de transporte era do tamanho de um carrinho de golfe, com um motor que parecia pertencer a um ventilador de mesa?

Seguimos em silêncio por um bom tempo, até chegarmos à crista de uma encosta que revelou, abaixo de nós, à distância, um grande agrupamento de telhados de terracota reluzindo ao pôr do sol.

– Sighisoara. – anunciou Micah.

Inclinei-me para frente, espiando pelo para-brisa com os olhos ansiosos. Então tínhamos chegado, finalmente, à terra natal de Catra. Era aqui que ela havia crescido, se tornado a mulher que eu aprendi a amar.

– Vamos passar por lá?

– Vamos. – disse Micah. – Como quiser.

Eu havia notado que a postura do meu tio tinha mudado um pouco desde o pouso em Bucareste. Ele estava mais formal comigo. Com mais deferência. Pensei em dizer à ele que não precisava me tratar como uma princesa, só porque não estávamos mais nos Estados Unidos. Então, percebi que era melhor deixar quieto: Eu iria assumir meu posto. Precisaria de deferência, precisaria emanar autoridade se quisesse alcançar o que pretendia. Estava num Fiat Panda, mas, mesmo assim, era uma princesa.

Como se livrar de uma Vampira Apaixonada  |  CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora