III- Jacaerys Velaryon-Targaryen

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O gosto da perda é amargo.

Jace soube disso quando perdeu Qyle e sua tia Laena, num intervalo muito pequeno, mas foi a perda de Laenor que mais doeu.
Ele sempre soube da verdade, Qyle era seu pai, mas foi o Velaryon que o criou, que lhe deu o nome, era ele quem o príncipe chamava de pai.
  Anos desde sua morte, mas a dor persistia, agarrada em seu peito como uma sombra que não o deixava nunca.
Mesmo quando Qyle apareceu de volta em Dragonstones, duas luas depois da morte de Leanor, para confortar a ele e Luke, mesmo a promessa de nunca mais deixá-los, a mão em seus cabelos, ninando até que eles dormissem, e estando lá quando acordavam. A dor ainda batia em seu peito.

(...)

- Onde vão com tanta pressa?

A voz de Brandon ecoou pelo corredor longo. O rapaz era melhor amigo de Luke e Jace, e adorava mimar os Targaryens mais novos, Joffrey, Aegon mais novo e Viserys.

- Fugindo de sua mãe!

Luke respondeu parando ofegante ao lado de Jace.

- Por quê?

- Luke aprontou novamente.

Jacaerys respondeu caminhando para perto do amigo. Brandon apenas sorriu, mostrando as covinhas que ele odiava, mas faziam Jace corar quando era pego admirando-as.

- Bom, para a sorte de vocês, Daemon deseja vê-los, está esperando na praia.

- Você vem?- Jace perguntou, sem olhar para o Strong mais velho. A resposta foi um aceno negativo.- Irei me juntar aos guardas na segurança da Princesa.

Luke riu, gargalhou. Brandon nutria uma paixão platônica por Rhaenyra, era doce, jamais seria correspondida, mas ele estava bem com isso, além de gostar de estar em sua companhia, não era algo sério, ele apenas a amava mais do que devia.

- Ela não vai largar Daemon por você!

O mais novo ralhou.

- Calado pirralho, eu posso ser seu futuro padrasto!

- Ou eu posso ser seu futuro cunhado.

A feição divertida abandonou o rosto do mais velho, para algo como uma surpresa desagradável. As falas de Luke sobre se casar com Coryanne eram tão velhas quanto a grande muralha, no entanto, falar sobre casar a irmã mais nova de Brandon era um assunto proibido, ele era um irmão muito possessivo.

- Ele não vai se casar com ela, relaxe meu amigo.- Jace retornou para seu irmão, empurrando-o para fora, quando tinha uma boa vantagem para o Strong se virou e gritou:- Mas eu vou.

Então correu, como uma criança...

Brandon não tinha mais idade para correr por aí, com dezenove anos, prometido a uma Tyrell, apaixonado por uma princesa e tendo uma irmã para proteger. Ele havia deixado a muito a infância, ele era um homem.
O jovem tinha um destino, ir até Rhaenyra, mas foi parado por um gritinho de felicidade de sua mãe. Ela estava com seu pai e Qyle próximo às escadarias que levavam a sala da mesa pintada.

- Finalmente! Minha garotinha vai vir para casa. Para mim.

- Posso saber a razão para tamanha felicidade?

Ele parou ao lado da mãe que rapidamente lhe entregou a mensagem. Curta e direta, Coryanne estava voltando para Dragonstone. Sua felicidade não durou muito, quando se virou para o pai tudo que viu foi um semblante preocupado.

- Ora Harwin, ela não vai se casar ainda, não precisa se preocupar com isso. Não por hora.

- Falando em casamento, Lady Myria?

- Minha noiva?

- Sim, alguma coisa para compartilhar?

- Ah! Bom, sei tanto quanto o senhor tio, ela está ansiosa para servir como dama de Rhaenyra antes de nos casarmos. Pobrezinha, ficará aos prantos quando descobrir que não viveremos aqui.

Todos riram, especialmente pela expressão de puro desgosto no rosto do mais novo.

- Ela é jovem, um pouco mais nova que você meu filho. Tudo é demais.

(...)

 Em Dorne as coisas eram imensamente diferentes do resto de westeros, os anos vivendo sob a tutela de sua tia mostraram isso a Coryanne, ela sentiria falta daquilo. da liberdade, das amizades, dos amores, ali nas terras áridas, dentro de um pedaço do paraíso ela viveu as melhores coisas. Mas sua família precisava dele, especialmente seu irmão, seu querido irmão que logo se casaria com uma garota Tyrell.

- Myria Tyrell? acho que ela deve ter treze anos, não faz um ano que sangrou e os pais a empurraram para seu irmão. 

Lysa, sua dama de companhia, comentou enquanto massageava a garota strong. Seus dedos deslizavam pela pele exposta, subindo para o pescoço, o hálito quente encostando na pele enquanto ela sussurrava fofocas da corte dornesa.

- Ele vai cuidar dela, sei que vai. 

 Cory virou para Lysa, alinhando seus rostos.

- Como eu cuido de você?- Seus lábios quase se tocando.

- Como você cuida de mim...

A dama encostou seus lábios em um selinho rápido.

- Volte Lysa, por favor…  

- Não, não podemos, você deve ser pura, doce e intocada, não posso ceder em nome desse desejo. Logo você se casará, o seu marido lhe dará tudo isso, e se ele não o fizer, então eu farei, farei tudo com você.

Coryanne escondeu o rosto em um dos travesseiros, cansada daqueles jogos, desejando que seu marido fosse incapaz, para que ela provasse de suas vontades, para que lysa a fizesse feliz tal como ela havia visto uma vez, enquanto a garota se contorcia sob outra dama, seus doces sons, a pele brilhante. 

- Sua tia está te esperando, ela quer se despedir de verdade, amanhã ela parte para uma viagem de negócios a oeste, vocês não se verão mais, seja ...

- Doce, gentil e grata. Lysa, como vivi meus anos antes de você?

 A morena sorriu. Coyanne tinha inveja dela, Lysa era uma dornesa pura, com os cabelos cachados espessos e escuros, a pele bronzeada os olhos amendoados, enquanto ela era o completo oposto oposto,tão branca que mal podia sair ao sol sem se queimar, com os olhos violetas que ela odiava e o cabelo tão claro que a destacava no meio da multidão, ela não era tão dornesa quanto gostaria, Coryanne era a maldição de um falso bom rei, foi o que ouviu de alguns criados. Na ocasião tudo que pode fazer foi chorar enquanto aliandra a acalmava. 

Lysa quem lhe deu um propósito para sua sina, se o grande viserys fora amaldiçoado com seu nascimento, que ela fizesse valer, ”persiga-o, assombre-o, faça com que ele se arrependa” 

Ele merecia, merecia saber que ela escrevia para Helaena, que usava o brasão strong com orgulho, que as sedas dornesas, aquelas que o lançaram para sua mãe, adornavam a pele dele. Uma promessa em suas pequenas ações, vingança, por toda dor que ele havia infligido a Maera, a casa Strong, a casa Martell. 

(...)

Notas da autora:

Bibi Bibi

DRAGON FLAME | HOTDOnde histórias criam vida. Descubra agora