DRAGON FLAME | HOTD

Rhaenyra Targaryen

Com o tempo ambas as princesas se tornaram próximas, talvez fosse a dor que as uniu, o fato de Rhaenyra estar lidando com algo que Maera já conhecia, talvez fosse a negligência de Alicent que criou uma lacuna na qual a dornesa ficou muito mais do que feliz em preencher; independente do que levou-as a amizade, ela existia e era clara para todos na corte.

Tal fato agradou o rei, que ainda esperava que Maera fosse o elo que trouxesse sua filha para perto dele novamente, já que a antiga dama dela, alicent, pouco fazia sobre o caso, sempre dizendo que "Nyra estava lidando com tudo dentro de seu próprio tempo".

Otto também foi beneficiado pela amizade entre Martell e Targaryen, afinal o caminho para o coração do rei era cada vez mais limpo e sem as dificuldades que a princesa poderia apresentar para o relacionamento de sua filha com viserys. A Mão só não esperava que Rhaenyra soubesse de seus planos.

Diferentemente de Alicent, Maera contava tudo que sabia para a princesa de Porto Real, e quando se aproximaram foi uma das primeiras conversas que tiveram.

Enquanto alguns guardas acompanhavam a ela para as criptas reais, Rhaenyra refazia as palavras da amiga em sua mente, clara como a água.

"- Não estou aqui para guardar segredos de vossa alteza...

- Não me chame assim, tamanha formalidade é desnecessária.

- Me desculpe Rhaenyra, acho que só vou te ver como próxima depois que tirar esse peso dos meus ombros. Já que é perturbador e está me tirando o sono.

A garota loira encarou a dornesa com a curiosidade enchendo seus olhos violetas.

- Conte-me, tudo para que não haja barreiras entre nossa amizade.

Maera segurou as mãos da princesa oferecendo a ela um aperto gentil, assim como seu olhar, antes de se tornar melancólico.

- Ouvi os criados sussurrar em que lady Alicent vem visitando seu pai, com bastante frequência, quando os questionei me negam, veemente, mas á alguns dias, logo quando cheguei sua majestade quis me ver, conversar comigo, e eu fui, na volta para meus aposentos eu a encontrei indo para a mesma direção da sala que eu tinha saído, isso pode não significar nada, mas...

- Não pode ser verdade, é só fofoca...

Maera abaixou os olhos.

- Eu não posso provar nada, Rhaenyra, mas não podia mais manter isso, estava me sufocando."

(...)

Alicent não faria aquilo.

Uma parte da princesa targaryen não podia acreditar na traição da melhor amiga, Maera podia estar mentindo para afastá-la de Alicent e ganhar seu posto como sua dama de companhia, Mas a dornesa já ostentava tal título, a pedido do rei Viserys, Maera assumiu o posto com alegria, e não apenas sendo uma presença constante ao lado de Rhaenyra, mas oferecendo sorrisos e uma simpatia que trazia leveza aos dias dela. Diferente de sua amiga de longa data, que parecia cada vez mais distante...

Rhaenyra encontrou seu pai sozinho nas criptas, ele encarava a ossada de Balerion que estava exposta ali, havia admiração e saudade em seu olhar.

- Pai...

-Sim querida. Como está, ouvi dizer que a princesa dornesa te faz bem?

Ela o encarou, procurando algo que denunciasse sua real intenção.

- Ela é atenciosa, sua companhia é boa, ela é incrível, mas o senhor não me chamou aqui por isso. Estou certa, pai?

Ele retornou seus olhos para a última lembrança da antiga Valíria.

- Balerion foi a última criatura viva a ver a Antiga Valíria, antes da perdição. Sua grandeza e suas falhas. Quando olha para os dragões, o que você vê?

A princesa que encarava o grande crânio de Balerion retornou os olhos para o pai confusa.

- O quê? Você não falou uma palavra comigo desde o funeral da mamãe. E agora manda sua Guarda Real...

- Me responda! É importante. O que você vê?

Rhaenyra nunca diria em voz alta, mas a falta de tato de seu pai para com os sentimentos dela a quebrou de alguma maneira, talvez fosse a urgência na voz quando ele falava nos dragões ou então na Antiga Valíria, ou seu afastamento depois da morte de sua mãe, seja lá qual fosse a atitude dele, aquele segundo que a quebrou.

- Acho que nos vejo.

- Me explique.

Ela engoliu em seco, já sabia o que falar, não havia algo que fosse mudar as ações de Viserys, mas ela tinha a chance de mudar algo nela mesmo.

- Todos dizem que os Targaryens estão mais próximos dos deuses do que dos homens, mas eles dizem isso por causa dos nossos dragões. Sem eles, somos como qualquer um.

- A ideia de que controlamos os dragões é uma ilusão. Eles são um poder que os homens jamais devem menosprezar, um poder que levou Valíria a perdição, se não aprendermos com a nossa própria história, acontecerá o mesmo conosco. Um Targaryen precisa disso para ser rei, ou rainha.

A princesa virou seus olhos violetas para o pai, sem acreditar nas palavras que tinha ouvido dizer.

- Eu sinto muito, minha filha. Eu desperdicei muitos anos desde o seu nascimento, desejando um filho. Você é o melhor da sua mãe, acredito nisso e sei que ela também..

- Mas, Daemon é o seu herdeiro.

- Ele não nasceu para usar essa coroa, e ele sabe disso. Mas acredito que você foi. Querida, isso não é um mero capricho, você acha a sela de um dragão perigosa? isso é uma coisa, o trono de ferro é o lugar mais perigoso do reino.

A frieza, as dúvidas, a solidão com a qual estava vivendo era uma pequena amostra de sua nova vida, Rhaenyra entrou nas criptas como um enfeite da coroa e saiu de lá sendo a próxima a usá-la, seu destino estava ganhando um novo capítulo, e indiretamente, seu pai estava a preparando para isso.

Mais tarde, quando chegou em seus aposentos, achou um bilhete de Maera em sua cama. Poucas palavras, mas que detinham um enorme significado, um recado que apenas alguém que carrega uma grande responsabilidade entenderia verdadeiramente seu significado.

"Mantenha seus inimigos por perto"

Alicent e a princesa herdeira jantaram juntas naquela noite, como não faziam a muito tempo.