Capítulo trinta ✨

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Por pouco...

Enola voltou para dentro enquanto Sherlock preferiu esperá-los ao lado de fora.

Estava na hora de realinhar o plano, pensar em uma escapatória e acabar de vez com toda aquela briga. Ser inimigo do governo era como assinar o decreto de morte, e inevitavelmente todas as pessoas naquele pequeno cômodo escuro estavam na lista.

— Sairemos a noite, quando o toque de recolher soar. Ficaremos no sótão da casa de Mycroft, obviamente, tomaremos todos o cuidados possíveis para que ele não nos descubra. Sherlock ficará responsável por nossa segurança.

— Realmente acha que esse plano dará certo? — Anne questiona.

— Assim que estivermos dispersos seu irmão nos entregará, certamente esse plano não é bom. Pense, estaremos em um lugar perigosíssimo e ainda mais vulneráveis a qualquer ataque.

— Mycroft tem pavor de poeira, jamais subirá no sótão — Enola considerou — além do mais, confio em seus funcionários, caso nos encontre. Tenho certeza de que jamais nos entregariam.

— Essa opção é arriscada, confesso que estou bastante apreensivo — Gilbert considerou — mas se ficarmos aqui seremos consumidos pelo desespero.

— Fora a chance de sermos descobertos — Winnie falou — não podemos nos esquecer de que eles estão com nossos aliados, e inevitavelmente alguém dirá alguma coisa. Mesmo que seja doloroso, Bash não hesitaria em salvar Mary de um espancamento, certamente irão usá-los contra nós.

— Sem contar que explodiram o quarteirão com pólvora, algo que temos em abundância aqui — todos olharam para Enola que não soltou um espirro sequer desde que chegou no esconderijo.

— Precisamos sair, agora! Sabem que estamos aqui. Como somos tolos!

No mesmo instante, todos do esconderijo puderam ouvir Sherlock, falando mais alto que o normal.

— Não há ninguém aqui — ele disse em um tom convincente — acha que se estivessem aqui eu já não teria os delatado?

— Como se você fosse entregar sua irmã... Aliás, doutor Holmes, como chegou até aqui? A polícia era a única que sabia do paradeiro dos traidores.

— Sou um detetive, duvidar de meus métodos é inaceitável e ofensivo.

— Nos desculpe, nossa intenção não era ofendê-lo, contudo, ainda precisamos nos certificar de que o local está realmente vazio. Sua irmã e os comparsas são criminosos e devem ser detidos.

Sherlock abriu passagem permitindo que os homens entrassem, desconfiado, ele foi atrás, pois se tivesse que usar a força, ele não hesitaria. Sua irmã era a pessoa mais importante de sua vida e apesar de não demonstrar outrora, ainda havia tempo para fazer isso.

Seu coração vacilou ao ranger da porta se abrindo, será esse o destino final de Enola Holmes?

. . .

— Shiu — pediu Enola, levando o indicador aos lábios.

— Realmente, o galpão está vazio — um dos guardas considerou — devemos desculpas ao senhor.

— Tudo bem — Sherlock falou, aliviado — essa não é a primeira vez que desconfiam da autenticidade da minha palavra. Aliás, acho que está escurecendo e precisamos procurar em outro lugar.

— Qualquer notícia, nos comunique, Sr. Holmes.

Todos caminharam para a porta e rapidamente Sherlock a trancou com o cadeado, antes que decidissem voltar.

Enola o observou de uma pequena passagem de ar no porão e ele os acompanhou até o final do beco, depois fingiu ir para o outro lado.

Ela estava bastante nervosa, sua respiração estava ofegante e o seu coração disparado, Anne percebeu rapidamente o quanto sua amiga estava tensa, principalmente porque seus ombros estavam mais altos do que o normal.

Os aliados não estavam diferentes, a expressão de medo percorria por todos os olhares, se fossem pegos, a culpa de uma terrível catástrofe seria jogada em cima da causa pela qual lutavam.

O suspiro aliviado, diferente do que há pouco demonstrava, acalmou a todos que compartilhavam o pequeno espaço empoeirado debaixo do piso de madeira do galpão.

Sherlock voltou para o beco, e para a sorte de todos, ele estava sozinho.

Com agilidade todos saíram do porão, e esperavam ansiosos para saírem de lá, o lugar não era mais seguro, o governo já sabia onde estavam e eles temiam pelo futuro incerto.

Quando Sherlock abriu a porta, Winifred inesperadamente o abraçou, dizendo repetidamente:

— Obrigada, obrigada, obrigada.

Todos estavam surpresos, principalmente porque ela não havia demonstrado nenhum sentimento afetivo por ele, somente o desprezo.

O semblante de Sherlock não era diferente da dos outros, todos estavam surpresos, e o susto de quase serem pegos foi rapidamente substituído.

— Não a de que — ele respondeu, retribuindo o abraço de Winnie.

O silêncio permaneceu, até que eles se soltassem, e assim que a cena acabou, Enola quebrou o silêncio:

— Temos que ir logo, dessa vez foi por pouco, se isso acontecer novamente, temo que não tenhamos a mesma sorte.

O som do toque de recolher preencheu o silêncio, estava na hora de seguirem para seus novos destinos.

. . .

(Dias depois)

— Não temos mais opção — Gilbert falou — tudo está dando errado e eu não quero passar o resto da minha vida preso por algo que não fiz.

— Enola, acho que chegou a hora de seguirmos nossos rumos, vamos embora — Anne disse aos prantos — você sabe o que aconteceu com Mary, eu não posso mais perder ninguém.

— Vocês são oficialmente foragidos — Sherlock encarou a irmã — e eu já procurei provas em lugares inimagináveis, não sei mais onde posso procurar. Consigo os documentos para vocês partirem, os levarei para a embarcação e vocês serão levados por um amigo em quem confio, chegou a hora de ir embora, Enola, está perigoso demais ficar aqui.

— Qual é a sua decisão? — Tewksbury perguntou.

— Não temos escolha — Enola falou, tristemente — vamos embora, amanhã pela manhã...

— Eu sinto muito, El — Anne a consolou.

— Eu também.

. . .

Laços do destino - Anola Onde histórias criam vida. Descubra agora