capítulo 01 - encontros e despedidas

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Leiam as notas da autora e não se esqueçam do feedback!

Boa leitura!

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Me conta, (S\N), como foi a noite com seu gato?

Ele é bom de cama?

Eu revirei os olhos e fechei-os na velocidade da luz, a mão direita fechada em punho enquanto a esquerda segurava o celular. Eu não queria falar sobre esse assunto agora, mas parecia que a coisa toda me perseguia como se fosse uma sessão de tortura. Como se eu estivesse para morrer e as minhas últimas memórias mais vergonhosas passassem para me levar direto ao inferno.

Os olhos azuis dele eram lindos. E foram a primeira coisa que minha mente espelhou da noite passada. Depois, as mãos fortes dele se abrindo e se fechando em meu quadril, me beijando com toda a sede do mundo, me colocando para cima do balcão do Cafofo Bar, sob as luzes vermelhas e me atacando de novo. Os gemidos dele no meu ouvido enquanto me engolia. Enquanto a barba dele grudava no meu queixo liso e no meu buço macio.

- Eric... - eu murmurei, quando ele me deu uma chance, ouvindo sua respiração.

- Tem um quartinho dos fundos, a gente pode ir para lá, se você quiser.

Ah, Eric... Não havia mais ninguém no Cafofo, literalmente, ninguém mesmo. E não era porque eu estava bêbada, chapada, alucinada, fosse o que fosse. Só tínhamos nós dois mesmo, e já passava da meia-noite. 

A coisa toda começou porque nos encontramos na mesma mesa de bebidas, ao mesmo tempo. Eu tinha ido para lá porque queria algo que me tirasse do chão e porque queria falar com o Tutu, que era meu melhor amigo e quase como uma figura paterna. Ele tinha ido para lá porque estava verde como uma azeitona e precisava de algo para levantar o humor antes que vomitasse tudo. Parecia ter recebido uma notícia chocante. Os olhos azuis lindos dele estavam arregalados de susto.

- Não tem mais ninguém aqui, a gente pode continuar nessa bancada, a não ser que você tenha algo contra transar em um bar... - eu comentei, já no meu ápice de inconsciência. Ele riu, e eu afundei meus dedos em seus cabelos cor de chocolate, enrolando-os em cachos, puxando-o para mais perto e sentindo sua língua quente roçando na minha.

Nós dois estávamos loucos. Nós dois estávamos bêbados. Fosse lá o que estivéssemos fazendo, na hora, nem parecia errado. Tanta gente transa bêbado em qualquer lugar, não é incomum, não tem nada de estranho nisso. 

Só que aí, quando ele começou a desabotoar a camisa xadrez de azul e a enfiar a mão embaixo da minha regata branca toda suja de óleo, para apertar meus seios, seus olhos se arregalaram e ele quebrou o beijo, duro como pedra.

Parecia que o efeito do álcool tinha passado.

Parecia que ele tinha broxado antes de chegar no ápice.

Eu nunca vi ninguém broxando sem fazer sexo.

- A Luna! - ele berrou, tirando o celular do bolso na mesma pressa que separou nossos lábios. E o devolveu na mesma velocidade. - Porra... porra... porra... - Daí, ele simplesmente se virou para mim, pegou meu rosto com as duas mãos e me disse, com aquela carinha de bebê. - Você é linda, mas não dá... Eu tenho uma filha. Me desculpa mesmo. 

Depois, só. Ele saiu correndo e me deixou lá, sentada na bancada do bar, com cara de tacho. Nem um número de telefone, nem um beijo final, nem um selinho para que eu me lembrasse sempre do gosto - se bem que nem precisava -. Nada. 

AMARELO, AZUL E BRANCO | inês/cuca x youOnde histórias criam vida. Descubra agora