capítulo 08 - leilão

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Olá!!! Eu prometi e veio!!!

Esse capítulo está a coisa mais linda, aliás. Como eu disse, provavelmente é um dos meus favoritos dessa história...

Só um aviso antes de começarmos que esse capítulo contém menções de violência, homofobia explicita e mais algumas menções que podem causar gatilhos em quem está lendo. Caso se sintam desconfortáveis com o tema, podem pular as partes... A saúde mental de vocês vem primeiro!

Sem mais, vamos ao capítulo porque esse promete!

Boa leitura e não se esqueçam de interagir!

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INÊS

- Aonde é que a senhorita pensa que vai toda linda desse jeito, Inês?

Me viro para encarar Tutu, terminando de amarrar meu vestido preto e lançando um daqueles sorrisos de canto que dão certo para homens quando as mulheres querem convencê-los.

- Vou atrás da cura para a gente, oras - respondi, rindo. - Vou naquele leilão ver de perto o tal do Lazo... ver se ele é tudo isso mesmo.

Atrás dele está Isac, devorando um pão com mortadela enorme - claro, roubado de alguma lanchonete de esquina -, que quando me encara também, começa a rir daquele jeito moleque de Saci dele. Reviro os olhos porque sei o tamanho da bomba que pode vir assim que ele abrir a boca.

- Você tá linda demais para só acompanhar o leilão, Inês... - ele provoca. - Vai tentar enfeitiçar o homem do garimpo, vai? Vai tentar fazer um "nana neném" com ele, vai?

Eu disse.

- Não, Isac, hoje não. 

Não sei porque estou com uma sensação de que alguma coisa pode acontecer, uma sensação que não é nada boa. Aquela sensação de que o dia está bom e correndo bem demais, sensação daquelas pessoas pessimistas com a vida que pensam que só merecem tragédias... Quando vejo meus amigos, meus dois amigos ali disponíveis, sinto um aperto no peito enorme. 

E sinto saudade do tempo em que corríamos para nos juntar aos humanos sem medo de que alguém pudesse nos destruir ou destruir um deles.

Tentando esquecer aquilo de uma vez só, ando até Tutu com meus saltos enormes por baixo do vestido preto comprido, e olho para ele, alisando sua barba enorme e ruiva. Ele continua com a mesma carranca de sempre, me olhando de cima a baixo, quase desconfortável com a minha exposição.

- Fica de olho neles por mim, tá? - sussurro, brincando com a situação. 

Ele dá de ombros.

- Qual é, você volta logo, não volta?

Eu sorrio.

- Não significa que você pode deixar nossa turma a Deus-dará... - olho para Isac, indicando que ele sabe qual a situação que mais me preocupa. Ainda bem que Tutu entende sem que eu precise me estender. - Obrigada, Tutu. Sei que posso contar com você...

Eu saio do Cafofo e passo pela enésima ala secreta que encontro, só para não ter de trombar com homens aproveitadores bêbados que querem me assediar, só para não ter de dar satisfação a qualquer outro que estiver passando na rua. Dessa vez, no meio do caminho, não me transformo em borboleta, pelo bem da minha classe - ou da tentativa de ser de classe -.

AMARELO, AZUL E BRANCO | inês/cuca x youOnde histórias criam vida. Descubra agora