prólogo

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Notas da autora já foram postadas com esse capítulo, então, quem ainda não leu, corre para ler!

Boa leitura!

Não se esqueçam do feedback!

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- Meu Deus, menina, vá dormir! Olha a hora!

A velha senhora se levantou, com a sua habitual velinha acesa em um pires na mão e um terço na outra. A menina de mais ou menos cinco anos, que ainda estava chutando sua nova bola de futebol - que não era sua, tinha caído do outro lado do muro e ela tinha roubado, porque Deus me livre se pedisse uma bola de futebol aos seus pais -, parou e olhou para ela. Na TV, passava aquele amedrontador encerramento da programação infantil da emissora.

- Ah, vovó, mas eu não estou com sono! - reclamou ela, voltando a passar a bola de um canto para o outro, marcando com os próprios olhos o vaso inglês da sua mãe, tentando de um tudo para não quebrá-lo. - E tem mais, papai e mamãe ainda não chegaram... Eu disse que ia esperar eles voltarem!

A vovó sorriu ternamente e se agachou, de pernas bambas, para tocar o ombro da neta.

- (S\N), teu pai só chega de madrugada, e tua mãe ainda tem algumas horas de plantão no pronto-socorro, não vai dar para você ficar aí acordada esperando!

- Mas, vovó...

- Mas vovó uma pinoia! Vá já para a cama, vá antes que a Cuca venha te pegar!

Os olhos de (S\N) se arregalaram. A inocência de uma criança é tão grande que ela pensou que, com um olhar feio, disfarçaria seu medo para a avó. Mas a sábia mulher sabia de tudo mesmo, e quando viu que a neta tinha parado de brincar, largou pires e terço e a pegou nos braços, andando aos sorrisos para a portinha do quarto.

- Eu não tô com medo da Cuca não, tá? - disse a menina assim que a avó se inclinou para dar um beijo nela. - Não tenho medo dessa Cuca não... sou uma menina corajosa!

- Ah, mas você devia ter! - a velha respondeu. - Porque ela fica ali, em cima do telhado, esperando a hora certinha para dar o bote, sabia?

Nisso, o som de asas de borboleta soaram baixinho na janela do quarto de (S\N). A menina suspirou e se encolheu, debaixo das cobertas, meio contrariada.

- Boa noite, minha filha. - Sussurrou a avó, beijando a testinha dela carinhosamente. Porém, antes de sair, ela se sentou na cama da garota e começou a cantarolar, sua voz cansada, acariciando o bracinho pequenino dela. - Nana, neném, que a Cuca vem pegar... papai foi na roça e mamãe foi trabalhar...

* * *

- Amanhã, então, no mesmo horário e no mesmo lugar de sempre.

- Você tem certeza, Miltinho?

- Claro que eu tenho, João, larga de ser medroso! 

(S\N) observou os amigos rindo e se divertindo enquanto bebia mais um gole. Depois, se virou para os dois marmanjos encrenqueiros e riu, cruzando as pernas na cadeira. Ficar ali, na calçada, no meio da noite, era sua válvula de escape para aguentar o estresse do dia a dia na vida de uma adolescente recém-empregada.

- Tá ficando tarde, galera, melhor eu ir vazando, né? - Milena se levantou e deu dois tapinhas gentis no pé de (S\N) enquanto ela ia calmamente na direção de João, abraçando o pescoço do namorado. - Me acompanha até em casa, medrosão?

AMARELO, AZUL E BRANCO | inês/cuca x youOnde histórias criam vida. Descubra agora