capítulo cinco.

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S/n:

Tento atualizar o Instagram do Cereal Killers pela centésima vez hoje, mas a velocidade do meu pacote de dados foi reduzida e a foto que acabaram de postar se recusa a carregar para além de uma mancha amorfa de traços e cores.

Merda.

Queria pegar a senha do Wi-Fi com a Heather de manhã, mas ela está me dando um gelo desde o incidente do pau duro do Jackson ontem, e me encara com raiva sempre que pode.

Achei que talvez estivesse ficando meio paranoica, mas, quando voltei das compras com artigos de banho e um jogo de cama, ela fez todo um teatrinho ao desligar a televisão e bater a porta do quarto, que nem uma criança malcriada.

Com um suspiro, me deito de costas e mando uma mensagem pedindo notícias para minha mãe, já que ela não respondeu de manhã.

Tento conter o nervosismo que inevitavelmente se segue, mas não consigo, e abro os contatos. Hesito frente ao número do celular da nossa vizinha de porta, Tonya, prendendo a respiração e olhando para o botão verde de ligar. De alguma forma, consigo me impedir de clicar.

Ela já aceitou ir ver minha mãe duas vezes por semana, e não quero encher o saco demais.

Jogo o celular ao meu lado e olho para o teto. O quarto, apesar de vazio, parece incrivelmente abarrotado. Desconfortável. Quanto mais tempo fico deitada, sem nenhuma distração, mais minhas orelhas zunem. Sinto o peso de tudo, apertando meus pulmões e me esmagando até eu achar difícil respirar.

Mesmo que eu finalmente tenha ido embora, de repente me sinto de volta à casa que deixei para trás. Só esperando. Esperando que minha mãe volte.

Minha cabeça sempre me dominava. Não conseguia parar de pensar em onde ela estava. Com quem estava. Quanto estava bebendo. Quanto estava gastando, apesar do monte de contas a pagar na mesa da cozinha.

Depois que cortaram nossa luz, o emprego que consegui no Tilted Rabbit três anos atrás foi o único jeito de calar a obsessão. O único jeito de retomar um pouco do controle. Convenci o dono, Stew, a me deixar lavar pratos até ter idade para trabalhar no bar.

Agora isso se foi, e eu, também. Não sei o que ela vai fazer.

No meio da confusão com Natalie, junto ao fato de que começo a faculdade oficialmente amanhã, literalmente sinto tudo me esmagar, ficando mais pesado a cada segundo.

Preciso sair daqui.

Com um pulo, pego a carteira na mesa, enfio os All-Stars brancos nos pés e desço pelo corredor o mais rápido possível. Escancaro a porta do apartamento e corro escada abaixo, sentindo a pressão se aliviar lentamente, andar por andar.

Quando chego lá fora, finalmente me sinto capaz de respirar.

Inspiro devagar e olho para o céu, de um azul-escuro crepuscular, o sol começando a desaparecer atrás de uma fileira de casas transformadas em apartamentos, alpendres inclinados, tijolos gastos e bandeiras da faculdade encaixadas em janelas tortas. Me viro para a esquerda e desço a rua, desviando de garotas de vestidinho preto e garotos carregando garrafas d’água cheias de vodca, gritando a caminho de uma festa. É ao ver isso, pessoas com propósito e destino, que percebo… não faço ideia de para onde estou indo.

Lá na Filadélfia, a noite seria completamente diferente. Tá, eu ainda sairia de casa sem saber para onde ir, mas sempre acabaria exatamente onde precisava estar, em um show da Natalie, em um turno extra no Tilted Rabbit, ou dando mole para um segurança me deixar entrar na boate.

As noites mudaram quando começamos a namorar, no entanto.
Menos boates, mais jantares e filmes. Não queria que Natalie se irritasse comigo por um flerte qualquer, fosse real ou imaginado, então era melhor evitar a oportunidade.

Ela Fica Com A Garota • Hailee Steinfeld and YouOnde histórias criam vida. Descubra agora