capítulo trinta e um.

555 68 27
                                    

S/n:

Tento não derrubar a bebida que acabei de pegar em um milhão de pessoas até finalmente encontrar Hailee,
encostada na parede preta perto da entrada do banheiro.

— Cara, o que você tá fazendo? — pergunto, apontando com o polegar para o canto do bar, onde deixamos Cora e Natalie. — Você não pode largar a garota que tá te acompanhando. Não te ensinei na…

— Não gosto dela — diz Hailee, interrompendo a frase.

A expressão dela está mais séria que já vi, as sobrancelhas escuras franzidas.

— Cora? Como assim, não gosta dela? — pergunto, tentando entender onde essa conversa pode estar indo parar.

Elas passaram o show todo da Cereal Killers flertando.

— Não. Natalie.

Olho para ela, incrédula.

— Como assim? Você nem conhece ela?

Hailee se aproxima mais, sem sinal de timidez.
— Conheço o bastante para saber que você merece mais do que aquilo. Muito mais.

— Do que você tá falando?

— Não gostei de como ela te trata — diz Hailee, cruzando os braços no peito.

Sacudo a cabeça, soltando uma gargalhada, mesmo que nada daquilo seja engraçado. Uma vaga lembrança das últimas semanas, de Natalie me ignorando e desligando na minha cara, me vem à mente, mas ignoro. Tenho que me manter firme. Não vou fugir agora.

— Bom, se esse mês me ensinou alguma coisa, é que você não sabe porra nenhuma sobre relacionamentos, Hailee — digo, avançando um passo, olhando para ela de cima. — Afinal, você nem consegue chamar uma garota para sair sem instruções detalhadas.

Hailee se encolhe um pouco, mas não recua.

— Sei como deve ser um relacionamento saudável, S/n, mesmo que eu não tenha experiência. E não é assim.

— Bom, perdão, mas não é todo muito que foi criado por uma família perfeitinha, com casinha de cerca branca, dois filhos e um cachorro, e Cheri como mãe — digo, a
analisando, da expressão determinada no rosto às mãos apertadas em punhos pálidos. — Por que você se importa? Já conseguiu sua menina dos sonhos.

Ela aperta mais os punhos, tensiona o maxilar, frustrada.

— Porque estou tentando te ajudar, S/n, mesmo que você tenha me ignorado a noite toda. Você é minha…

Não deixo ela acabar. Não quero ouvir ela falar “amiga”, por muitos motivos.

— Bom, a gente já acabou de se ajudar, né? Você tá com a Cora. Natalie voltou. O plano acabou, se é que existiu. Sabe, eu só inventei essas etapas todas, de tanto que você
precisava? Quem liga para a merda da quinta etapa, afinal? — digo, gesticulando entre nós, eu e ela, nós. — A gente não
precisa mais fazer isso.

É então que as palavras escapam da minha boca antes que eu possa contê- las. As palavras que não posso retirar.

— A gente não precisa fingir que se importa uma com a outra.

Imediatamente, vejo que atingi o alvo.

E é ainda mais horrível do que eu teria imaginado, ver o pedacinho do coração de Hailee no qual consegui encontrar um lar no último mês se estilhaçar.

Ela arregala os olhos e dá um passo para trás,
acidentalmente batendo na parede, lágrimas se formando
.
Olho rápido para baixo, para meu tênis gasto, apertando os olhos com força quando ela passa por mim, voltando à multidão.

Ela Fica Com A Garota • Hailee Steinfeld and YouOnde histórias criam vida. Descubra agora