capítulo vinte.

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Hailee:

— Tá legal. Segunda etapa: arrasar no look. Agora que você deu um jeito de pegar o número dela, é hora de dar um jeito — diz, fazendo um gesto vago para minhas roupas — nisso.

— S/n, essa etapa não devia ter vindo antes da primeira? Quer dizer, eu não devia me vestir melhor antes de pegar o número dela? Para causar uma boa impressão logo de cara? — pergunto, seguindo minha suspeita de que ela está só inventando as coisas na hora.

Não que eu possa reclamar tanto assim. Quer dizer, está funcionando.

Né?

— Tá, primeiro, eu não sabia que a situação do seu armário era tão grave até te ver usar três camisetas idênticas, só mudando a cor.

É, justo.

— E, segundo, queria que você pegasse o número dela vestida bem assim — continua. — Se ela te deu o número com você vestida assim, imagina as possibilidades quando você estiver um pouco mais arrumadinha?

Ela hesita, fazendo uma careta para o que disse.

— Sem ofensa.

— Acho que você está sendo meio dramática. Não é tão grave — digo.

— Hailee, digo isso como amiga, mas estou honestamente apavorada de abrir a porta desse armário…

Ela me olha de cima a baixo.

— Tá bom — respondo, bufando.

Melhor a gente acabar com isso logo. Ela passa por mim e para na frente do armário.

— Você já tem o número da Cora. A gente precisa resolver isso, porque a terceira etapa já está chegando e você não está pronta — diz.

Nem tenho o trabalho de perguntar qual é a terceira etapa, porque sei que ela não dirá.

Além disso, não só tenho o número da Cora. Tenho falado com ela.

Depois de responder na casa do Griffin, mesmo que S/n tenha me dito para não fazer isso, a gente passou o resto do dia conversando com pequenos intervalos. Decido não contar para a S/n, porque, para ser sincera, estou com certo medo de dizer que fui rebelde. Além do mais, já tenho
preocupações o bastante com a segunda etapa.

— Vamos ver com o que estamos trabalhando — diz, abrindo a porta do armário. — Organizado — murmura, mais para si do que para mim, antes de imediatamente começar a revirar tudo como se fosse um furacão de categoria 5. — Hailee! — grita, fingindo um sotaque inglês rebuscado. — De quantas calças de moletom uma jovem precisa?

Ela gira, segurando uma pilha do que chamo de “calças de relaxar no fim de semana”, mas, em vez de me entregá-las, as larga no chão com o resto das roupas, antes que eu tenha tempo de pegar. As mãos dela vão imediatamente para mais cabides, mas, já que eu não ri, ela olha para mim por cima do ombro e abandona o sotaque horrível.

— Eu estava imitando o Tan do Queer Eye.

— É, eu sei, não vivo em uma caverna.

Eu me movo mais para o canto da cama, olhando para toda a destruição que ela já causou nos poucos minutos desde que chegou no meu quarto.

— Mas você precisa jogar tudo no chão? — pergunto.

Minha pele está pinicando só de olhar para o caos.

Mas, enquanto a observo, começo a notar que talvez não seja ruim. Só significa que eu vou precisar arrumar depois. E talvez possa aproveitar para reorganizar o quarto todo. Cora provavelmente riria se eu dissesse isso para ela. Noite passada, ela me falou que a Abby anda largando tigelas com resto de aveia todo dia na mesinha e que ela está enlouquecendo. Temos outra coisa em comum.

Ela Fica Com A Garota • Hailee Steinfeld and YouOnde histórias criam vida. Descubra agora