capítulo vinte e cinco.

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S/n:

Não acredito que estou assistindo a um jogo de rúgbi. Em uma noite de sexta. Eu saía! Ia a festas!

Quem diria que eu viria parar aqui?

Prendo o cadeado da bicicleta e corro pela rua até o campo.
A multidão irrompe em vivas quando uma garota de uniforme branco e bordô é esmagada que nem a Hailee de duas semanas atrás, a bola escapando de suas mãos.

— Você está atrasada — diz a voz conhecida de Hailee Steinfeld, que está encostada em um carvalho enorme, com os braços cruzados no peito. — Como sempre.

— Trouxe lanche — digo, mostrando um saco de papel com o mesmo tipo de biscoitinho açucarado que uma vez ela comprou na biblioteca antes da aula.

Não acrescento o fato de que já comi três biscoitos no caminho.

— Que orgulho estudantil, hein? — provoca Hailee, se afastando da árvore para analisar minha roupa toda preta.

Ela está toda fantasiada de Pitt. Azul e dourado da cabeça aos pés. Até a calcinha deve ter PITT estampado na bunda
.
— Bom, o time adversário é da Filadélfia, então tenho que ser a Suíça — digo, com um sorrisão, enquanto ela desenrola o cachecol que veste. — Beijei muitas meninas da Temple, não posso traí-las agora.

Ela revira os olhos e para na minha frente, ficando na ponta dos pés para enrolar o cachecol no meu pescoço, uma vez, duas vezes.

— Bom, mas agora você está aqui, então pode começar a agir de acordo.

Nossos olhares se encontram quando ela amarra a ponta do cachecol.

Tão perto dela, não consigo deixar de pensar naquele momento no provador. No jeito que o olhar de Hailee… Pigarreio e nos afastamos.

Não foi nada. As pessoas me olham daquele jeito sempre.
Além do mais, eu não faço mesmo o tipo dela, e ela
definitivamente não faz o meu.

— E aí, você faz a mínima ideia de como funciona um jogo de rúgbi? — murmuro para ela quando Abby acena para nós das arquibancadas de metal.

— Ah, claro — diz Hailee, subindo os degraus. — Depois de três minutos de jogo, culminando em uma experiência quase fatal, sou uma especialista certificada.

Eu rio quando chegamos aos nossos assentos,
cumprimentando Abby com a cabeça.

— O que a gente perdeu?

— Nada de especial — diz ela, como se eu não tivesse acabado de ver uma pessoa de verdade ser transformada em panqueca. — Está no zero a zero, o que é melhor do que perder.

Vejo as jogadoras dos dois times se aglomerarem, passando os braços pelas cinturas, a bola rolando no meio enquanto Pitt ganha o domínio e empurra pelo campo. A torcida ao nosso redor vai à loucura.

— Ah, que scrum foda! — grita um cara na arquibancada, batendo palmas altas quando nosso time avança a bola por alguns metros e toma posse.

É o quê?

Levanto as sobrancelhas para Hailee e ela dá de ombros em resposta, pegando um pedaço de biscoito no saco de papel que ofereci. Migalhas caem na calça jeans desbotada quando ela congela, arregalando os olhos ao ver Cora, que corre pelo campo como uma minúscula gazela graciosa,
acenando rapidinho em nossa direção no caminho. Ela está usando uma faixa de cabelo amarelo-mostarda e pintou os olhos com uma quantidade agressiva de tinta preta, que se espalha pelas bochechas, como se estivesse a caminho da guerra.

Justo.

Não sei bem se estou assistindo a um esporte ou a um combate fatal de gladiadores. Antes mesmo do intervalo, duas garotas já foram tiradas de campo em macas, uma com uma concussão, outra com o nariz quebrado.

Ela Fica Com A Garota • Hailee Steinfeld and YouOnde histórias criam vida. Descubra agora