capítulo vinte e dois.

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Hailee:

Puxo o capuz para cobrir a testa, tentando
desesperadamente me proteger da chuva. S/n não ficou muito feliz quando apareci hoje na aula de biologiacom minhas roupas de sempre, mas não deu para estrear as roupas novashoje. O tempo está ruim demais. Ia acabar molhando tudo… ou, pelomenos, foi o que argumentei. Na verdade, talvez eu tenha me acovardado.

Abro a porta do alojamento, abaixo o capuz da capa de chuva e entro noelevador. Quando as portas estão prestes a se fechar, uma garota entra noprédio, completamente encharcada, da cabeça aos pés. Normalmente, eume esconderia no fundo do elevador e fingiria não ter visto, para evitarinteragir, mas, por reflexo, estendo o braço para as portas abrirem de novo.

— Obrigada — diz a garota, entrando correndo e indo até o lado dosbotões.

— De nada — respondo, reconhecendo a garota, que mora no quarto aumas duas portas do meu, e joga futebol na Pitt, de acordo com a mochila,que também está encharcada.

Ela aperta o 5, e espero que pergunte qual é meu andar, sabendo queprovavelmente não me reconhece. Em vez disso, no entanto, ela abaixa osbraços e me olha com um sorriso amigável.

— Você mora no quarto individual, pertinho do meu, né? — pergunta, eolho para ela, meio chocada, mas me lembro de respirar fundo e não pensardemais.

— Isso. Hailee, prazer — digo, estendendo a mão.

— Jordan — diz ela, apertando minha mão. — Gostei da sua capa. Meavisaram sobre o clima daqui, mas mesmo assim não me preparei.

Ela esfrega as mãos nos braços expostos, água pingando no chão.

— De onde você é? — pergunto, enquanto o elevador sobe.

— De uma cidadezinha ao sul de Los Angeles. E você?

— Yinzer, desde que nasci — digo, e aponto por cima do ombro. — E seisso te incomodou, vou ficar preocupada com sua saúde mental durante seuprimeiro inverno em Pittsburgh — brinco.

Fico imediatamente tensa, notando que a piada pode não cair bem. Mas,para minha surpresa, ela ri em resposta, e sinto uma onda de confiança porcausa da pequena vitória.

— Ai, meu Deus, nem me lembre — implora. — Não quero nem pensarnisso ainda.

As portas do elevador se abrem, e caminhamos lado a lado na direção dosquartos.

— Olha, eu e Kendall, que mora comigo, estamos tentando começar umanoite de jogos toda quinta — diz ela. — Te interessa?

— Que tipo de jogos? — pergunto, me lembrando da noite da festa e dojogo horrível de Eu Nunca.

A noite já parece ter sido há tanto tempo, mas ainda dói.

— Banco Imobiliário, Cards Against Humanity, talvez até pingue-pongueno salão, sei lá — diz, dando de ombros. — Kendall tem certa obsessão porjogos. Elu já tem, tipo, uns trinta jogos de tabuleiro no quarto.

Pingue-pongue. Um dos meus grandes amores.

Imediatamente penso namesa no porão de casa, onde eu e Griffin jogávamos, apostando quem faria afaxina. Era a única coisa na qual eu conseguia realmente competir com ele.

— Claro, eu acharia superlegal.

Tento não mostrar que sou uma boba animada. Porque isso é…exatamente minha praia.

— Posso levar alguém comigo? — pergunto.

Talvez eu acabe convidando Cora, sei lá.

— Claro. Quanto mais gente, melhor. Quinta, às oito, no salão?

— Vejo você lá — respondo, quando paro na frente do meu quarto, e elacontinua pelo corredor.

Entro e me encosto na porta fechada.

Que estranho.

Foi tudo tão… tão normal.

Como se eu não fosse a Hailee silenciosa, que só pensa na escola e não falacom ninguém.

Fui só… Hailee.

Pensando melhor, talvez essa reputação fosse minha culpa. Hoje, deixei Jordan se aproximar. Claro, em escala muito pequena, mas deixei. Segurei aporta do elevador para ela. Fisicamente ofereci a mão para cumprimentá-la,em vez de me encolher no canto.

Talvez o plano da S/n esteja me ajudando de várias formas. Porque, sim,mesmo sabendo que estou destinada a ficar com a Cora, esse ano tambémtem envolvido fazer uma amiga de verdade.

Nunca tive alguém como S/n, para me ouvir, fazer companhia e contarcoisas que ela não costuma compartilhar com muita gente. É, claro, ela sabeme irritar exatamente que nem minha mãe, mas qualquer melhor amiga fazisso.

Qualquer melhor amiga.

Hum…

Não sei identificar exatamente quando isso aconteceu, mas acho que deveser verdade.

Só queria que ela não tivesse fugido ontem.

Isso me faz pensar que essa história toda não é mais só para me ajudar a meabrir. Talvez seja para ajudar nós duas. Porque, em escala menor, acho quetambém estou ajudando ela, e que ela acha isso tão assustador quanto eu
acho.

Meu celular vibra no bolso, e quando o pego vejo uma mensagem de Cora.

Abby e eu vamos à biblioteca hoje à noite, se você e S/n quiserem virjunto Legal, que horas? A gente se encontra lá!

6.Térreo. Vou estar do lado da garota que reclama sem parar Respondocom um. Abby passou a maior parte da aula de biologia hoje resmungando que nãoentende nada, mesmo que a gente ainda esteja na introdução básica da
matéria.

Biblioteca com Cora e Abby hoje às 6!!!

mando para Alex.

VOCÊ convidou ela!?

Vai com CALMA, está se adiantando no plano! Kkkkk

Eu rio, mas,enquanto digito a resposta, chega uma mensagem da minhamãe. Eu a ignoro para acabar de responder S/n.

KKKKK não, Cora ME convidou!

Melhor ainda. Uau eu sou BOA mesmo. A gente se vê lá.

Um segundo depois…

E MOLLY É BOM VOCÊ USAR AS ROUPAS NOVAS MESMO SE
ESTIVER NEVANDO

Sorrio, jogando o celular na cama e tirando a capa de chuva. Ainda não tivetempo de arrumar o quarto, então preciso dar a volta nas roupas que estãojogadas pelo chão por causa do momento Queer Eye da Alex.

Passo a mão pela calça jeans nova, dobrada nas costas da minha cadeira, edepois olho para as blusas novas, penduradas no armário quase vazio.

Eu me sinto muito menos nervosa para usar as roupas novas na frente da Cora agora que tive aquela interação
bem-sucedida com a Jordan. Tento melembrar de como me senti ao me olhar no espelho no shopping. Essasroupas vão só melhorar minha confiança hoje, e aceito toda a confiança quepuder.

Ela Fica Com A Garota • Hailee Steinfeld and YouOnde histórias criam vida. Descubra agora