capítulo quatorze.

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Hailee:

Só tenho que entrar, puxar a cadeira e sentar a bunda.

Assim parece bem fácil, mas o problema é depois de me sentar, quando tiver que de fato manter uma conversa com ela.

Felizmente, S/n estará bem ao meu lado, fornecendo ideias quando meu poço de assunto secar.

Mesmo que ela me faça querer arrancar os cabelos quase todo dia, ainda é a única pessoa que já conheci, fora da minha família, perto de quem posso ser completamente honesta, sem ceder ao peso da ansiedade. Ainda não
entendi exatamente o motivo.

Talvez seja porque não me importo com as opiniões dela sobre mim.

Olho pelo corredor, em busca de sinais dela, e meu celular vibra no bolso.

— Tentei te dar espaço, mas estou morta de curiosidade para saber como foi a festa! — vem a voz da minha mãe quando atendo, alegre demais para um horário tão cedo.

Ela provavelmente já virou o galão diário de café.

— Ah, hm.

Hesito, notando que faz mais de uma semana que não nos falamos.

Mandamos mensagens curtas, sim, mas falar mesmo, conversar? Não.

Normalmente, eu teria contado cada detalhezinho para minha mãe, mas agora me pego querendo guardar a maior parte só para mim. Pelo menos por enquanto. Talvez seja meu primeiro relacionamento. Não quero trazer azar.

— A festa foi boa. Jogamos uns jogos, e acabei ficando até bem tarde. Foi muito divertido — digo, sem contar os detalhes e o que aconteceu depois, do plano com S/n.

Acho que ela não ia gostar muito da ideia.

— Sem muitas novidades. Estou entrando na aula de biologia agora.

— Leonard está com saudade — diz ela, mas sinto que não deve ser só Leonard.

— Obrigada pelas fotos.

Sorrio, meu coração doendo ao pensar na foto que ela mandou ontem, dele enroscado na cama vazia.

— Já cansou da comida do bandejão? Talvez eu possa ir te visitar um dia desses para um almoço rápido? — pergunta  ela, a voz cheia de esperança.

Seria mesmo bom vê-la, e é só um almoço.

— Quem sabe semana que vem?

Vejo S/n arrastando os pés pelo corredor, a boca cheia dos minidonuts açucarados do pacote que está carregando.

— Você mora no Seven-Eleven? — sussurro, encaixando o celular no pescoço.

— Seria uma sorte e tanto — bufa ela, enfiando outro donut na boca e me oferecendo um da embalagem.

— Hailee?

A voz da minha mãe chama minha atenção de volta ao celular, enquanto tiro um donut do plástico.

— Foi mal. Tá. Semana que vem. Te mando uma mensagem.

— Ah, espera. Quero saber de você. Me conta das aulas — diz ela.

— São legais, mãe. Desculpa, uma delas está para começar — respondo, tentando ser impaciente sem parecer muito óbvia.

— Tá bom, tá bom. Entendi. Pode ir — diz, e tento ignorar a tristeza na voz.

Nós nos despedimos e guardo o celular no bolso de trás.

— Pronta? — pergunta S/n, enquanto eu mordo o donut com cuidado.

Ela Fica Com A Garota • Hailee Steinfeld and YouOnde histórias criam vida. Descubra agora