CAPÍTULO 17

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Faith Marshall

San Francisco, Califórnia


Fiquei um tempo estática, ainda tentando entender o que estava acontecendo. Ele não deveria estar aqui, por que ele não me deixa em paz e vai embora assim como fez quando descobriu que minha mãe estava grávida de mim? Ele não estava aqui quando eu cresci, não estava quando mamãe faleceu e não deveria estar aqui agora! Eu não preciso mais dele.

Um barulho ensurdecedor me fez acordar do transe e percebi que a xícara havia escorregado de minha mão e agora o chão estava cheio de cacos de porcelana e da bebida de chocolate. Forcei meus pés a se moverem e saí da sala de jantar sem me importar em limpar a sujeira, em breve Petter e, provavelmente, Louis iriam checar o que tinha acontecido e eu não estava preparada para ver ele.

Não podia subir para o quarto sem passar por eles, então entrei dentro do depósito de comida da cozinha e tranquei a porta. Me sentei no chão sem me importar com o frio queimando minha bunda, apenas abracei meu corpo e me permiti chorar tudo que estava entalado no meu peito.

- Faith?- Ouvi a voz preocupada de Petter vindo da cozinha, mas não respondi nada. Apertei mais meus joelhos contra o corpo e funguei, afundando meu rosto entre meus joelhos.- Querida, eu sei que está aí. Tá tudo bem?- Petter deu batidinhas na porta do depósito, não respondi. - Amor, por favor.. O que está acontecendo?

- Eu estou bem, me deixa sozinha.- Murmurei com a voz rouca de tanto chorar.

- Abre aqui, amor.. Por favor.- Ele falou com a voz suave. Sabia que ele não iria desistir então cedi, destranquei a porta e voltei para minha posição anterior. Senti os braços de Petter me rodearam em um abraço de conforto.- Por que está assim, querida?- Suas mãos deslizaram pelo meu cabelo, numa tentativa de me relaxar.

- Por que ele está aqui?- Perguntei sem me importar se ele iria desconfiar de algo ou não, apenas queria saber realmente o que aconteceu aqui.

- Você o perdoou..- Ele sussurrou, pude perceber sua voz meio receosa, sem entender o que estava acontecendo.

Como eu consegui perdoá-lo depois de tudo que ele fez? Ou melhor, como consegui perdoá-lo depois de tudo que ele NÃO fez?
Um pedido de desculpas foi o suficiente para que eu esquecesse que ele nunca foi presente em minha vida e que nunca nem sequer ligou em 3 anos de luto após a morte da mamãe?

Nunca o vi pessoalmente de verdade, apenas por fotos e vídeos que mamãe me mostrava de vez em quando. Ela sempre deixou claro o quanto ele não se importava com a gente, eu o escrevia cartas até os 12 anos, quando ainda tinha esperanças dele aparecer para pelo menos um dos meus aniversários ou que aparecesse no colégio no dia dos pais e eu não tivesse que entregar meu bilhete para minha mãe ou somente jogar no lixo, porque não tinha um pai para entregar.

- Essa não é a primeira vez que você fica assim quando ouve falar do Louis, O que está acontecendo? Vocês brigaram?- Levantei meu rosto e enxuguei as lagrimas, sentindo cada movimento meu ser observado por Petter.

- Eu só... li meu diário e vi tantas coisas que escrevi sobre o passado que fiquei meio nostálgica..- Falei a primeira coisa que me veio a mente e dei um suspiro quando vi os olhos de Petter se iluminando em compreensão.

- Oh amor.. Então é isso? Acho que não deveria ficar lendo essas anotações, são mágoas passadas agora. Não tem porque ficar remoendo um passado que não existe mais, está tudo resolvido agora.- Queria que suas palavras se tornassem realidade, mas infelizmente não é assim que funciona.

- Tem razão.. São mágoas passadas. - Respirei fundo e soltei o ar em seguida, meus tremores tinham passado e eu estava significativamente melhor.- Sinto muito.- Sussurrei em uma súplica quase silenciosa. Sinto muito por ser um peso para você.
Sinto muito por ser quebrada.

- Quer que eu fale com o Louis para ele voltar outro dia?- Ele perguntou acariciando meus cabelos.

- Não precisa, só.. distrai ele para eu subir e trocar de roupa e depois volto para falar com ele.- Não queria vê-lo, mas também não queria que Petter se preocupasse mais, então faria esse sacrifício por ele. Petter assentiu e me deu um selinho antes de sair da cozinha, esperei alguns segundos e, quando vi que a sala estava vazia, subi para o quarto.

Tirei a camisa de Petter, que era a única peça de roupa que eu vestia, e peguei as primeiras roupas que vi na frente, alheia se combinava ou não. Prendi meu cabelo em um coque de qualquer jeito e me olhei no espelho.

-você consegue fazer isso, Faith.

Dei um suspiro, tentando tomar coragem e desci para a sala novamente, ainda da escada,  vi Petter sentado no sofá e ao seu lado estava um cara alto e ruivo. Meu pai.



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