Alguns dias depois.
Embora eu tenha tentado, ainda não consigo esquecer. Em nenhum momento dona Cora se fez presente. Em algumas noites o pesadelo me atormentava, em outras, a minha própria consciência e em nenhuma pude segurar em sua mão. É engraçado a maneira que ela me faz parecer uma frágil boneca de porcelana.Eu sei que não deveria dar tanta importância para uma ausência sempre presente. Como posso sentir a necessidade de algo que nunca tive? Me lembro bem de uma madrugada qualquer, por volta dos meus oito anos, onde o desespero se transformou em febre e o medo me sufocava... ah meu amigo, Dona Cora estava em uma viagem de negócios. Eu precisava dela ali, mas também fui feliz com o carinho do meu pai.
Você me deixou para trás. Será que Dona Cora tinha medo de me ver afastá-la dos seus sonhos? Ela adora a ideia de ser a mulher do ano, capa de revista e ser lembrada como a melhor empresaria. Já eu adoraria a ideia de tê-la ao meu lado. Confesso que não sei expressar isso em palavras, só que não é tão difícil de decifrar.
Em noites assim sem amor, vejo o sol nascendo e as lágrimas secando. Eu não queria sair do quarto, não hoje. E tudo bem. É que é meu aniversário e talvez Dona Cora não se lembre disso.
Três batidas na porta. Eu não respondi mas dona Rosa entrou do mesmo jeito.— Parabéns pra você, parabéns pra você, parabéns pra você! — Ela cantarolava apenas essa parte e sorria.
— Obrigada, Rosinha. — Eu disse e ela veio me abraçar.
— Te desejo juízo, muito juízo. — Beijou-me na testa. — E trate de se arrumar logo para descer e tomar o café.
Eu tentei questionar mas não fui ouvida. Rosa me deixou sem opções e sem abertura para reclamações. Acabei me arrumando, forçando um sorriso e descendo para a sala.
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Não sei porque precisamos nos magoar desse jeito. Confesso que o meu coração reagiu ao vê-la conversando com Emma. Eu até esqueci que a minha noite de sono havia sido péssima. Quem disse que a verdade é linda? Eu até esqueci que dona Cora poderia estar contando as minhas mentiras para ela.
Naquele instante, o meu desejo era de esquecer absolutamente tudo que há de errado e fingir que não existiria mais problemas. Será que dona Cora compreende a dimensão de estar por perto? Eu queria tanto que ela fosse o meu porto seguro também. Às vezes penso que somos iguais e por isso temos dificuldades em nos conectar.
Enfim, deixemos isso de lado.
O meu pai também estava presente. Ele foi o primeiro a correr me abraçar e me desejar as coisas mais lindas deste mundo. Seu Henry me trata como uma eterna criança. Eu gosto do seu amor. Eu gosto da pureza da nossa relação.— Por quê não me contou que era o seu aniversário, Rê? — Emma perguntou.
— Não achei que fosse importante. — Eu respondi e dei de ombros.
Depois de toda a demonstração de carinho do meu pai, me afastei e me sentei no sofá, ao lado da cadeira de rodas de Emma.
— Parabéns, Regina. — Foi tudo o que Dona Cora ousou dizer. Não houve abraços e nem longos sorrisos, mas pelo menos desta vez ela não estava viajando.— Obrigada.
Um breve silêncio.
— Eu amei conhecer novamente a sua mãe. Nós até que nos entendemos bem. — Emma comentou.
— Eu imagino que sim. Dona Cora sabe ser simpática com os demais. — Comentei e pude notar o seu olhar sobre mim.
— Filha, a dona Rosa fez um bolo maravilhoso para você. — O meu pai nos interrompeu antes que virasse discussão.
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La Solitudine
Любовные романыRegina Mills leva uma vida sem regras, sem afeição e sem amor. Não pensa nas consequências dos seus atos e por isso foi obrigada a ficar noiva de Augusto. Os seus pais acreditavam que aquela era a única saída para a filha. Tudo muda quando a sua imp...