Eu não direi uma só palavra, tudo já foi dito antes. Ah meu amigos, foram longos minutos no telefone tentando convencer o meu pai de trazer a dona Cora para o jantar. Eu sei que temos as nossas desavenças, mas odeio o silêncio me dado como resposta. Prefiro pessoas que gritam e expõe as suas feridas. Não gosto de quem guarda os sentimentos á sete chaves. Não gosto do jeito que dona Cora lida com as coisas. Eu não gosto da maneira que ela finge não me amar.
Então por que nos não fingimos que não temos medo? Na verdade, eu não me importo com isso, não me importo com nada e não me importo se ela se recusar a vir. Não me importo se a dona Cora não estiver segurando a minha mão no pior momento da minha vida. Eu não me importo com ela, não mesmo.
Me diga a quem estou tentando enganar? Ah meu amigo, se fôssemos próximos e tivéssemos contatos, iria lhe pedir um abraço. Estou lhe entregando a minha fragilidade em forma de um desabafo tosco. Sim, a partir de agora eu deixarei o meu coração na porta.
— Pai, por favor! — Eu insistia. — Eu disse para a Emma que vocês viriam jantar conosco .
— Você conhece a sua mãe... — Ele disse e eu pude escutar o seu suspiro de frustração do outro lado da linha. — Cora não quer se sentir cúmplice...
— Eu já entendi, pai...
Desliguei a ligação e segurei o choro. Devo estar de tpm, não é possível. Estou mais sensível do que o normal.
Enfim, respirei fundo e voltei para o quarto.
— Falou com os seus pais? — Emma perguntou.
— Sim.
— E então?
— Provavelmente ele vem.
— E a sua mãe?
— Provavelmente não.
Um breve silêncio. Tentei não ficar pensando nisso. Me sentei ao seu lado e segurei a sua mão — acabei depositando um beijo, numa tentativa de demonstrar carinho. Ah Emma, você está me levando de volta para a casa.
— Ela deve estar ocupada, Rê. — Emma foi doce e eu sorri com o apelido dado.
— Deve ser isso. Dona Cora é uma mulher muito ligada aos negócios.
Um breve silêncio.
— Oh, eu vou ficar feliz em conhecer novamente o seu pai. Eu devo dizer: “fico feliz em revê-lo”, “qual o seu nome, sogrinho?” ou “oi, eu sou a Dori e sofro de perda de memória recente?”
— Eu só vou te dar um desconto porque você citou o meu desenho preferido.
— Eu imaginei que você gostasse, por isso assisti hoje, enquanto tu estavas no escritório. Era o primeiro da lista de favoritos no seu aplicativo. — Emma disse e riu.
— Eu tenho bom gosto.
— Só não vou discordar porquê eu faço parte da sua vida. — Ela disse. — Por falar nisso, faz quanto tempo estamos juntos?
— Um ano. — falei a primeira coisa que me veio na mente.
— Não me parece tempo o suficiente para ficarmos noivas.
— Eu achei que o amor não devia ser medido pelo tempo. Mas podemos repensar sobre...
— Teoricamente não dá para ser repensado algo que nem lembro de ter pensado.
— Podemos mudar de assunto? — Eu perguntei e suspirei.
— O que a Rosa fez de bom pra gente? — ela agiu como se a conversa nunca tivesse existido.
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La Solitudine
RomanceRegina Mills leva uma vida sem regras, sem afeição e sem amor. Não pensa nas consequências dos seus atos e por isso foi obrigada a ficar noiva de Augusto. Os seus pais acreditavam que aquela era a única saída para a filha. Tudo muda quando a sua imp...