Capítulo 5 - Ressuscitando dos Mortos

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[Meses atrás, meados de Janeiro]

 O som dos saltos ecoava pelo largo corredor, iluminado naquele tom esbranquiçado das luzes. A mulher que caminhava atrás do médico legista tinha tanta confiança em seus passos que incomodava até mesmo os desconhecidos. Os óculos escuros escondiam o olhar, alguns dos funcionários julgariam por estar os usando dentro de um estabelecimento, mas, ninguém teve coragem de encará-la.

 O médico segurou a porta deixando que ela passasse, o sorriso sutil surgiu no canto dos lábios vermelhos. A sala estava fria, não mais que o inverno alemão, mas, o suficiente para fazer a pele se arrepiar. Ou talvez fosse o fato de o lugar ser um necrotério.

 Aproximando-se da maca onde estava o corpo coberto, o médico disse algo sobre sua recente autopsia e puxou o pano branco.

— Não há nada de suspeito no corpo que possa sustentar uma luta de autodefesa ou até agressão, então...

— Porque não houve luta. – o interrompeu. — Ela morreu asfixiada dentro do carro. – inclinou-se para mais perto do corpo. — Os pulmões estavam cheios, não?

— Sim, senhora. – ele se afastou pegando a prancheta pendurada. — Aqui está o resumo de tudo.

 Ela retirou os óculos, aqueles olhos verdes foram em direção ao médico que por alguma razão abaixou a cabeça, até mesmo as bochechas coraram.

— O ca-caso da...

Greta Falk. – acenou ela sorrindo. — Sim, ninguém está fazendo alarde para o tipo de pessoa que ela era, então, espero que continuemos essa investigação em silêncio, querido.

— Mas, é cla-claro.

— Hmm. – passou os olhos nas folhas. — Se importaria de eu dar outra analisada no corpo? Digo, por que gosto de ver e me conectar com a vítima.

 O homem não conseguia levantar a cabeça, parecia nem pensar direito, apenas acenou. Compreendendo, conhece bem a reputação e excelência da investigadora.

— Ah, mas, senhora Trótski...

— Por favor. – o fitou e deu a volta na mesa. — A formalidade não é preciso.

  A mão dela passou sutilmente sobre o ombro do homem que tremeu.

— Me chame de Ayla.

 O sorriso sedutor dela se alargou na face.

•••

  Nero andava de um lado para o outro, conversava com alguém ao celular, mas pela expressão desgostosa não estava satisfeito.

 Desligou jogando o aparelho em direção ao sofá da sala de espera, encarou a janela apoiando as mãos no quadril.

— Inferno. – controlou a raiva em querer socar o vidro. — Onde eu me enfiei?

 Passou uma semana desde o resgate de Fiora, e o ataque noturno em seu apartamento. Agora há uma cicatriz feia bebem definida de uma cruz em seu ombro esquerdo. Seja o que for, não pode mais brincar com Lilith, diferente das suas "escorregadas" dentro do departamento policial, esses caras são a definição física de "karma". Seu erro, suas decisões têm consequências imediatas.

 "A marca da contagem." Foi o que disseram.

 Isso indica que mais pessoas caíram no poder deles. E por mais que Nero queira muito descobrir quem são, sabe que não pode, se cometer esse erro pela segunda vez, morre.

 Sentou-se no sofá, encarando a tela do notebook em todos aqueles arquivos e relatórios abertos.

— Merda!

G.U.Y. - A Lei do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora