Capítulo 8 - Divina Comédia

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"O homem deve, sempre que puder, cerrar os lábios antes de dizer uma verdade que tenha traços de mentira; porque ele se expõe à vergonha sem ser culpado."
A Divina Comédia, Dante Alighieri


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— E é só isso por hoje, voltem aos seus afazeres.

 Ryan dispensou seus policiais, murmuravam uns com os outros sobre a loucura que estava o mundo e todas essas mortes. O capitão arrumava os papeis quando notou seu detetive encostado ao fundo, usando os óculos escuros, parecia encará-lo.

— Já dispensei todo mundo, Nero. – silêncio. — Nero Barns!

— Hm? Oi? – ergueu a cabeça, olhando aos redores com a voz embargada de sono.

— Estava dormindo em pé?

— Eu? Não. – segurou o bocejo e se ajeitou. — Não pareço bem acordado pro senhor?

— Sério, Nero?

 Nero retirou os óculos escuros deixando-os de lado, passou a mão nos cabelos oleosos, e sua aparência estava mais precária do que deveria

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 Nero retirou os óculos escuros deixando-os de lado, passou a mão nos cabelos oleosos, e sua aparência estava mais precária do que deveria.

— O que houve? Anda bebendo de novo?

— Um pouco de álcool não faz mal a ninguém. – zombou, colocou uma parte do cabelo atrás da orelha e o fitou. — Mas, meu caso é outro, insônia mesmo.

— Precisa descansar, está chegando cedo todos os dias e ficando até tarde.

— Alguém precisa trabalhar aqui. – cruzou os braços tentando manter-se acordado. — E não é como se eu quisesse ficar em casa, hoje...

— É, não é um dia fácil.

— Um aniversário deveria ser feliz, certo? – riu baixo. — Mas, não quando já se está morto.

— Nero, vá para casa, está acabado.

— Estou bem. – deu de ombros. — Agora, esse caso, na Grécia... – começou ele. — Lavínia Raptis, estranho, não?

— O que exatamente? – se aproximou e o empurrou para fora da sala.

  Nero cambaleou pegando os óculos e continuou a ser empurrado.

— Morta, assassinada, acusada de tráfico humano. – ergueu as sobrancelhas. — Soa familiar para o senhor?

— Não. – o cortou. — E já sei aonde quer chegar.

— Então, soou familiar. – provocou seguindo até o escritório. — E se eu te dissesse que descobri algo interessante.

— Nero, chega.

— Que envolve os Noyer?

  Ryan fechou a porta quase a batendo e lhe apontou o dedo indicador.

— Mandei ficar longe desse caso, está fechado, o pai sofrendo e a mídia já se acalmou.

— Ah, é mesmo? – ironizou ele, e cruzou os braços como uma criança faz para provocar. — Se eu te disser que a mídia é comprada e o pai dele também?

G.U.Y. - A Lei do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora