Natasha respirava fundo, apertava as pálpebras que pulava em irritação e nervoso, o celular na outra mão por pouco não foi arremessado no chão. O desejo dela era de enfiar uma faca na boca de Trevor, e dessa vez ter a certeza que morrerá.
— Natasha? – a voz do padre soou atrás de si.O toque gentil dele fora em seu ombro, ela apenas lhe lançou aquele olhar de canto e ele sorriu.
— Respire e solte devagar.
Ela demorou um pouco, mas assim fez, estava ansiosa demais. A carícia no topo da cabeça foi bem-vinda, tanto que fechou os olhos.
— Vai passar. – disse o homem. — Um dos coroinhas trouxe um bolo de cenoura, quer um pedaço?
Natasha não respondeu de imediato, apenas o abraço com força. Beocca sorriu retribuindo o gesto.
— Pronto, pronto, criança. – afagou suas costas. — Passou.
Ele sabia daquela personalidade, de como a mente de Natasha é conturbada e cruel se assim podemos dizer. E o padre em momento algum se assusta ou a julga, pelo contrário, a paciência e carinho que cuida dela faz com que rapidamente se acalme.
— Obrigada, senhor. – suspirou pesado, sentindo algumas lágrimas. — Às vezes...
— Tudo bem, deve ser complicado mesmo. – apertou sua bochecha. — Vamos comer um bolinho, querida.
Segurou em sua mão e a guiou para dentro da igreja.
Ela se sentou com algumas pessoas, conversavam tão alegres sobre coisas normais do cotidiano, enquanto a mente dela ficava presa em planos cruéis. Natasha sempre tenta controlar aquele instinto e personalidade dentro da Igreja, pois respeita demais o padre e seus ensinamentos. Mesmo que ela não tenha a mesma fé, algo ali dentro a faz manter o controle.
Algumas vezes, Natasha desejava ser salva. Mas, sua mente diz a verdade, seria hipocrisia.Estava sentada no banco em frente ao altar, não havia ninguém mais ali. Encarava a imagem de Jesus Cristo pregado na cruz, outras imagens ao lado e nas pinturas da parede.
— Veneram a imagem de dor e sofrimento. – comentou para si. — As pessoas dizem que na verdade, é o "verdadeiro ato de amor", seu sacrifício pela humanidade.
Suspirou pesado.— Perdoar os pecados dos pecadores para que eles possam entrar no paraíso. – riu baixo e balançou a cabeça. — E você não esperou nada em troca, após passar por tanta tortura.
Encarou as palmas das mãos com algumas cicatrizes e calos.
— "Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que estão fazendo." – repetiu aquele versículo da bíblia.
Balançou a cabeça novamente.
— Esse é o problema. Nós sabemos bem o que estamos fazendo, não é justo pedirmos perdão depois de tirar uma vida, de tortura, roubar... Alguns de nós fazemos as coisas pensando nas consequências. – encarou a imagem novamente. — Nós usamos a ira e a revolta para trazer essa "justiça", a chamada vingança.
Se levantou, subiu os poucos degraus e se aproximou da estátua. Estendeu a mão para tocar aquele pé, mas parou de repente.
— Eu não posso me confessar, nem mesmo pedir perdão, Jesus. – ergueu o olhar. — Por que estaria mentindo, eu matei, machucarei alguém de novo, então, me diga, por que alguém como eu merecia o perdão e um lugar ao céu?
Recuou a mão.
— Eu tenho tanta raiva, Senhor, eu tenho o ódio queimando dentro de mim e meu único desejo é trazer a dor e o sofrimento para meus inimigos. – abaixou a cabeça. — Eu não tenho o poder do perdão, minha mente está perturbada, não posso culpar minha doença...
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G.U.Y. - A Lei do Silêncio
Fiction générale[+18] [Saga G.U.Y.] 2º Livro. Um legado foi deixado, ninguém jamais esquece dos feitos do Algoz, tanto que muitos tentam imitá-lo e tomar as rédeas dos negócios do "submundo". Mas, claramente, alguém já estava fazendo isso, o que chamou atenção dos...