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No final da noite, enquanto deixávamos o evento, a energia era contagiante. A risada ecoava entre nós, um misto de alívio e felicidade, como se o mundo lá fora estivesse repleto de promessas. Thomas caminhava na frente, gesticulando animadamente enquanto narrava os destaques da noite. Carl, ao meu lado, parecia ainda surpreso com a repercussão positiva que nosso "casamento" havia gerado.

Scarlett andava perto de mim, uma luz brilhante que atraía os olhares dos passantes. Eu não podia deixar de pensar em como tudo aquilo parecia tão irreal e, ao mesmo tempo, tão bem ensaiado. Lembrei das risadas e dos olhares que trocamos sob as luzes do tapete vermelho, da química encenada. Sentia-me orgulhosa. A noite tinha sido um sucesso, e, de certa forma, o plano estava funcionando perfeitamente.

Quando estávamos prestes a entrar no carro, ouvi alguém chamar por Scarlett. Era Chris.

— Scar! — Pensei que ninguém a chamasse assim, e que ela não gostasse. Ele parecia tão despreocupado e sorridente. — Aonde está indo?

— Para o hotel — respondeu Scarlett, seu tom era neutro.

— Bem, vamos celebrar. A galera toda. Você não vem? — ele perguntou, com aquele jeito envolvente que sempre tinha, fazendo parecer que a festa era uma oportunidade imperdível.

Scarlett olhou para mim, sua expressão indecisa traía o conflito interno. Ela parecia presa em uma encruzilhada, com um pé na diversão e outro na responsabilidade.

— Pode ir. É bom se divertir às vezes — falei, tentando me manter firme, mas a leve decepção que começou a se formar no meu peito era inegável. Parte de mim queria que ela ficasse, que ignorasse o convite de Chris e se juntasse a mim no caminho de volta para o hotel. Evans se voltou para mim, seu sorriso aberto e amigável.

— Você pode vir também, se quiser, Taylor. Todos vocês.

— Obrigada, Chris. Mas tive um dia corrido. Vou voltar para o hotel — respondi, forçando um tom leve. Me virei, dando as costas para eles, um gesto que deveria ser casual, mas que pesava com o significado de minha decisão.

Antes de entrar no carro, lancei um último olhar na direção deles e vi Scarlett hesitar. Sua expressão era de dúvida, o corpo se contraiu em minha direção, como se estivesse prestes a me seguir ou falar algo que poderia mudar a situação. Mas, assim que entrei no carro e olhei novamente, vi que ela estava com Chris, a conexão entre eles se aprofundando à medida que se afastavam em direção à festa, como se uma nova dimensão de amizade se formasse entre eles. Revirei os olhos, sentindo uma mistura de frustração e impotência.

Thomas e Carl se acomodaram na frente, com Carl assumindo o volante.

— Então... — começou Thomas, sua voz tentando quebrar o clima tenso que se instalara no carro. — Que noite, não é?

— Cala boca — resmunguei, com o olhar fixo na paisagem que passava pela janela. As luzes da cidade piscavam, mas não consegui sentir a energia vibrante que costumava me animar.

O sorriso que antes adornava meu rosto havia desaparecido, substituído por um misto de desânimo e confusão. A ideia de Scarlett se divertindo, rindo e dançando com Chris me incomodava mais do que eu gostaria de admitir. O silêncio no carro se tornava cada vez mais opressivo, e eu me perguntei se ela realmente achava que poderíamos manter o acordo em meio a tudo isso. Era complicado demais, e o peso dessa realidade pesava em meus ombros, fazendo o mundo lá fora parecer distante e irrelevante.

Aquela noite me revelou algo incômodo sobre mim mesma: a irritação e a sensação de ser negligenciada queimavam como um fósforo aceso. Eu sempre soube que era egoísta, mas depois de compartilhar momentos tão próximos e divertidos com Scarlett, esperava, quase infantilmente, que ela quisesse estar comigo, que ela escolhesse "nós". Mas ao vê-la com Chris, rindo e alimentando todas aquelas teorias e expectativas que as pessoas sempre tiveram sobre os dois, me senti... descartada.

Sem Querer, CasadasOnde histórias criam vida. Descubra agora