4. Antônio

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Eu sabia que a Amanda estava chateada. O fato dela ter ido embora sem falar comigo denunciava isso. Porra, eu era um fodido. Quando a Manu chegou, ela já estava um pouco bêbada e foi logo se sentando ao meu lado, me abraçando e falando sobre os velhos tempos.

Eu e a Manu namoramos por um ano e meio entre 2019 e 2020. Era um namoro bem conturbado, ela era muito ciumenta e o fato de morar em Miami na época contribuiu para o fim do nosso namoro. Eu tinha atração por ela, mas não a amava na época. O nosso término foi bem traumático pra ela, ela se afundou em uma depressão logo depois, que piorou com a morte dos pais em um acidente, e eu estive ao lado dela como amigo nesse período.

A Manu era uma menina incrível, e merecia encontrar alguém que a amasse como ela queria, mas esse alguém não era eu. Ela estava muito bêbada, falando sobre como sentia saudades, sobre a vida e eu não conseguia cortá-la. No decorrer da noite ela foi bebendo ainda mais e eu já estava ficando preocupado com ela. Comecei a fazê-la ingerir água, pra passar um pouco o porre.

Eu nem sei por que ela estava ali. Nossos amigos não eram amigos em comum. Depois de um tempo percebi que a Amanda havia sumido, a procurei e ela estava rindo e se divertindo com meus amigos. Era incrível como todos a amavam. Eu a procurei com os olhos a noite toda. Mas depois de algumas horas não a avistei mais.

A Manu já estava melhor, mas continuava muito bêbada. Deixei ela lá e fui atrás da Amanda. O Rômulo me informou que ela havia avisado que iria embora a quase duas horas atrás. Tinha uma mensagem dela no meu celular avisando que já estava bem e em casa.

Liguei e mandei mensagem, mas ela não me respondeu. Eu estava puto, comigo e com ela. Quando fui me despedir de todo mundo, já pensando em ir direto pro apartamento dela, a Manu me pediu pra dormir no meu apartamento, pois tinha vindo direto de São Paulo sem reservar hotel, e estava muito mal para passar a noite sozinha. Caralho. O que eu ia fazer?

Acabei aceitando bem a contragosto. A ajudei a se segurar o caminho todo por que ela estava bem bêbada. Chegando no apartamento a deixei no quarto de hóspedes, avisei que se ela precisasse de alguma coisa poderia me chamar, fui pro meu quarto e tranquei a porta.

Demorei muito pra conseguir dormir, pensando no por que a Amanda não me esperou pra ir embora ou por que ela não respondia as minhas mensagens. Quando acordei já no final da tarde, eu avisei a Manu que precisava sair, já a adispensando e fui direto pro apartamento da Amanda. Ela não estava. E não me atendia.

Fiquei por ali o resto do dia e acabei dormindo esperando por ela. Quando amanheceu ela não tinha chegado. Olhando as redes sociais vi algumas notícias no Twitter sobre mim, óbvio que as notícias corriam rápido, fotos minhas e da Manu entrando no meu condomínio. Puta que pariu, que povo fofoqueiro.

Fui pro Instagram e passando alguns stories acabei vendo a Amanda nos stories da Lari. Elas estavam em algum lugar bem verde, com piscina e regado a bebidas. A Amanda não havia postado nada ainda, o que eu estranhei, ela sempre postava pelo menos uma foto. Resolvi ligar pra ela.

- Oi. - ela gritou, a música estava alta.

- Por que você foi embora ontem?. - perguntei.

- Eu estava cansada e com dor de cabeça. - falou.

- Você deveria ter me avisado. Eu fiquei te procurando. - falei.

- Olha só, me ignorou a festa inteira e agora vem com essa. - ela falou.

- Eu estava apenas conversando Amanda, da mesma forma que você conversou com meus amigos a noite toda. - expliquei.

- A diferença é que no final da noite eu não levei denhum deles para o meu apartamento. Olha Antônio se era só isso eu preciso desligar. Beijos. - e desligou.

Porra, mil vezes, que caralho. Ela tinha visto aquilo e estava chateada.

Eu decidi voltar para o meu apartamento ao constatar que ela não voltaria. Mais tarde resolvi jogar pôquer na casa do Dindinho com uns amigos, fazíamos isso sempre e era um dos meus passatempos favoritos.

De madrugada quando cheguei em casa, ela havia postado um carrossel de fotos no Instagram, maravilhosa em todas as fotos como sempre.

Eu e a Amanda éramos completos opostos em tudo, ela era tão cheia de vida e divertida.

No dia seguinte ela postou alguns stories e eu percebi que a festa ainda não havia acabado. Eu estava agoniado, doido pra falar com ela. Mas na segunda quando mandei mensagem no final da tarde, ela me avisou que estava em Curitiba e passaria algumas semanas por lá, queria devolver o apartamento que ela mantinha por lá para a imobiliária.

Eu não sabia por que ela estava agindo assim, em outros tempos ela me convidaria pra qualquer coisa que ela fizesse, me enviaria várias mensagens durante o dia e atenderia feliz as minhas ligações. Mas tudo que ela tinha feitos nos últimos dias era me evitar.

Ela também ficou bem off nesses quinze dias que ela passou em Curitiba. Eu via que ela estava saindo por que eu seguia todas as amigas dela nas redes sociais, e vira e mexe eu via ela em algum story.

Quando eu achei que ela ia voltar e nós iríamos conversar, o irmão dela postou stories dela na casa dos pais, na Bahia, mas ela continuou off-line por mais quinze dias. Eu não sei o que estava acontecendo, ela era curta e grossa ao responder minhas mensagens e não atendeu nenhuma ligação minha.

Conversei com a mãe dela um dia e ela me disse que a Amanda não estava  bem, que estava sempre triste e chorando pelos cantos, que ela não falava pra ninguém o que estava acontecendo e me perguntou se eu sabia de alguma coisa a respeito. Porra, como eu saberia se ela não conversava comigo e estava me evitando a um mês inteiro?. Eu estava ficando louco e o motivo tinha nome e sobrenome e se chamava Amanda Alice de França Meirelles.

DocShoe - I FollowOnde histórias criam vida. Descubra agora