XV

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Adamantem estava ainda mais pesada sobre as minhas costas

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Adamantem estava ainda mais pesada sobre as minhas costas. O medo transformava o ar na lembrança do sangue belicoso e do gosto salgado da areia de Itakon, do passado das Primeiras Cruzadas com a Guerra da Salvação. As pessoas ao redor empurravam imprecações contra o vento sobre o Demônio que veio para defender os miseráveis Antordens, vez que Adamas estava morto e o Fruto Sagrado distante o Trono de Diamante para defende-los daquilo que ameaçava a integridade da sua própria religião.

Não havia outro mascarado que se movia como mais uma sombra na escuridão — como eles mesmos afirmavam conforme eu acompanhava —, para repetir a boa ação pelos verdadeiros fiéis que se dedicavam a todo fulgor a favor da sua religião. Se consideravam em ameaça, lançando orações ansiosas para que o Fruto Sagrado desmembrasse o Demônio, queimasse-o vivo e o mandasse para a condenação do Infinito Maligno onde vão todas as almas sem absolvição, sem cura. Mas o Demônio da Salvação qual eles tanto zombavam, era, na verdade, o Filho da Salvação que os condenava e qual tanto clamavam em suas falsas crenças.

Não era um início auspicioso, mas era um perigo que eu estava disposto a desafiar. Não seria pior do que todos os outros da minha jornada Adamantense. Havia criado as minhas próprias armadilhas quando permiti me enganar e aceitei ser Deus-rei, passando pela dor de todo o Purgatório Diamantense, mas estava criando as minhas próprias formas de consertar isso, com sangue. Criar um mundo onde sou odiado, mas ao mesmo tempo idolatrado.

Após tanto tempo me escondendo em Golvo, o barulho e o alvoroço das ruas me soaram cada vez mais estranhos. Com o rosto estampado a cada canto em cartazes que não tardaram em aparecer — assim que precisei afundar ainda mais a cabeça no capuz e me camuflar nas sombras de ruas e vielas deploráveis para permitir que tropas patrulheiras marchassem com seus adornos brilhantes e suas armaduras esmaltadas, medindo-os com uma carranca —, retirei-os devagar, escondendo-os contra os meus dedos cobertos pela luva negra de pontaria, amassando-os e lançando olhares furtivos para esquerda e para a direita, encontrando aqueles mesmos semblantes embaciados e medrosos de aldeões. Um deles se preocupou em olhar ao redor e rapidamente me viu, havia grandes olhos castanhos, apavorados. Medo... comecei a sentir a veracidade da palavra pairando pelo ar, entre os gritos dos comerciantes desesperados com o inverno entre os estabelecimentos velhos que se inclinavam e se apoiavam uns aos outros como amantes deprimidos, o ranger de rodas de madeira das carroças e a confusão da neve contra as novas tendas de vigias que estavam sendo postas.

De longe eu vi quatro braços cobertos por um tecido nobre de enjú, saindo de dentro de um Cambulaio rico com o símbolo dourado da Ordem Lapidada e da Principal Assembleia pendurados em flancos — sendo transportado por Kekuens magricelos que se curvavam com o peso da régua de metal contra as costas —, uma Sa'hamaniana jovem. Estava sendo envolvida por um grande manto de pelos de Cabudos da Montanhas, rosa, no pescoço. Apenas poucos Sa'hamanianos tinham tanto poder. Lichonniana caminhou sem pressa, mas conferindo o seu ambiente ao lado de guardas diamânticos que a escoltavam. A notícia havia se espalhado em pouco tempo e por um momento o meu peito congelou por pensar que talvez eles pudessem desconfiar de mim como sendo o responsável pelas mortes.

𝔉𝔦𝔩𝔥𝔬 𝔡𝔞 𝔖𝔞𝔩𝔳𝔞çã𝔬Onde histórias criam vida. Descubra agora