Sentia-se fraca, vulnerável. Não era a mesma Noctu Scapulas que todos temiam.
A aurora machucada crescia quando se observou no espelho ainda nua, recusando-se a vestir suas armaduras de Comandante da Guarda Real Vidrience. Sua pele estava pálida, incandescente como a antiga luz da lua, e os olhos eram como profundas pedras brutas esverdeadas, um verdadeiro labirinto de informações. Se envergonhava por eles e era um desafio olhá-los todos os dias, mas um desafio do qual já tivera se acostumado desde que recebeu a marca atrás do seu pescoço como uma nova aquisição Dronsëlm — seria escrava dos olhos brutos para sempre —. Foram esses olhos que me fizeram passar por tudo isso. Esses malditos olhos que me afastaram dele, pensou, furiosa.
Todas as noites havia dormido pensando em seu rosto sério, misterioso, e acordado na madrugada com pesadelos. O via em sua frente, seu corpo forte escondido por debaixo daquelas roupas negras, entre as sombras da noite. O arco estava sempre preso em sua mão com uma flecha pronta para ser solta. Ela esperava, esperava, e então vuup! Acordava ofegante, tocando em seu coração. Houve um tempo em que preferiu ficar a noite inteira acordada amolando suas facas caso a situação realmente acontecesse. Ele apareceria? Se aparecesse ela estaria preparada? Saberia o que fazer? Uma parte sua gostaria de vê-lo novamente, mas sabia que não era a melhor escolha. Scott não existia mais, era o Demônio, sabia disso antes de todos do castelo.
Lembrava-se dos seus olhos sempre que os servos abriam a janela e ela encontrava o céu sem querer. Eles eram como as geleiras e os seus braços eram como o sol aconchegante de Olhyncös. Certa vez pediu para que deixassem tudo fechado. Estou acostumada com a escuridão, prefiro viver sob sua guarda. Ela me protege, ela me guia. Repetia em sua mente, era um ditado importante para a sua marca de Gho'wana, a Lâmina Sombria deve ser a sombra. Deve ser a escuridão. Não deve esperar pela alegria. Disse a admoestação para si mesma. Era ainda pior quando o sol atravessava as janelas, ela o sentia como se fosse os seus dedos calosos do arco, acariciando as cicatrizes da sua pele e um arrepio corria pelo seu corpo inteiro.
Esmeralda sabia que os aforismos El'renses haviam ido embora, ela era uma fraude para a sua própria facção de assassinos, não se orgulhava, mas pouco importava. A principal missão da sua vida acabou, ela não o matou, mas ninguém precisava saber. Havia acontecido e naquele momento Esmeralda precisava enfrentar mais uma reunião do Pequeno Conselho da Rainha Opala. Desejou que o seu deus a protegesse, verificando se suas adagas negras se encontravam em sua retaguarda para caso algo desse errado. Estava sempre preparada para o pior, foi assim que os Gho a ensinaram, proteja-se sempre com a energia Hankank de Xávix, mas se prepare para o pior, pois a morte é certa, o caos é certo.
Seria mais uma reunião com vinho e perguntas aleatórias sobre o que quer que tivera descoberto sobre ele. Odiava falar sobre ele, Ethan Haavik era uma força que todos temiam e Opala sabia que Esmeralda não podia ajudar muito, se esforçou para extrair informações de aldeões, mas ninguém sabia onde ele estava assim como o queriam o mais longe possível das suas terras. Ela respirou ansiosa, havia treinado bastante para fraquejar assim e então se puniu novamente, vestiu suas armaduras e sem querer deixou cair o seu brasão. Quando foi resgatar, olhou de relance para a sua cicatriz da Rosa Negra. Por que se sentia assim por ele? O que era isso? Queria exterminar o sentimento, mata-lo por isso, mas não podia, se sentia despreparada, desgastada demais, o mesmo sentimento de quando tinha apenas cinco anos e era só uma escrava.
Não seja escrava dos seus próprios sentimentos, Noctu, repetia Crum-Wulf e o chicote descia-lhe pelas costas de forma dura e inesperada. A dor atravessava suas costas e era tão possível senti-la naquela época quanto agora, ao lembrar-se dela. Ela havia tido muito tempo de treinamento para domar sentimentos fracos como medo, tristeza, dor, inveja, raiva e amor. Ela havia se transformado em uma fortaleza indestrutível, se não fosse por ele tê-la desmoronado completamente.
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𝔉𝔦𝔩𝔥𝔬 𝔡𝔞 𝔖𝔞𝔩𝔳𝔞çã𝔬
FantasyFruto Sagrado está à beira de sua condenação após permitir que Opala tomasse o poder do Caadal e após assassinar o seu próprio pai, Adamas. O Deus Diamantense que sobreviveu há milhares de anos condenados e que em seu último minuto de vida, concebeu...