Capítulo 3 JackFrost54XXL

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Sentado no sofá de sua sala, Kristoff está com os cotovelos sobre os joelhos e as mãos se agarrando pelos cabelos loiros descabelados enquanto um horror cada vez mais crescente esbugalha seus olhos castanhos horrorizados para os pertences que não eram dele que ele jogou pra fora de uma tiracolo que tampouco era dele.

Pra começar, havia umas oito receitas médicas de um remédio desconhecido chamado Ritalina.

Kristoff é saudável, então remédios meio que não orbitam a vida dele, ou seja, a natureza deste remédio é desconhecida, logo a natureza da enfermidade do dono dele também.

Outra coisa era um caderno de desenho de capa dura com uma foto do nascer do Sol em Bagan, Myanmar com muitos balões de ar quente voando. Também tinha um estojo de lápis de cor com estampa de Pop Art. Um mangá de thriller psicológico chamado Quando A Cigarra Liga, mostrando na capa uma mulher assustada segurando um telefone no ouvido e uma cigarra pousada na mão dela.

Outras coisas eram duas revistas sobre astronomia e egiptologia, o que de certa forma fez Kristoff imaginar que o dono dessa tiracolo tinha lá algum intelecto. E de resto, três barras de chocolate, um guia das exposições de arte do pavilhão de arte e cultura de Arendelle Fjordane — e uma agenda de capa dura de globo de neve.

Kristoff olhou todas aquelas coisas sobre sua mesa de centro. Sem a presença de um celular, ele foi mais inteligente e pegou a agenda.

Ao retirar o elástico preto e abrir a agenda, o coitado arregala os olhos castanhos e começa a virar a agenda de um lado a outro pra conseguir entender que tipo de sistema de escrita hieroglífica era aquele!

Jamais em todo o mundo Kristoff viu letra tão ilegível e tão impossível como aquela! Parecia coisa de gente alucinada em surto psicótico que pegou uma caneta e saiu escrevendo pela casa toda.

Foi tudo escrito com caneta azul, mas era difícil de entender. As informações como nome, endereço, número de celular e coisas do gênero pareciam ultrapassar as linhas umas das outras, se misturar e se confundir completamente.

Nessas, Kristoff olha as receitas de Ritalina num canto da mesa de centro e começa a suspeitar que talvez aquele garoto lindo de olhos azuis e cabelos platinados sofra de certa ansiedade...

Mesmo assim, se Kristoff quisesse sua tiracolo de volta, ele precisaria dar uma de arqueólogo decifrando escritos antigos.

...

...

...

O que levou meia hora.

Mas nessa meia hora Kristoff conseguiu algumas informações, ou pelo menos ele acha que conseguiu.

Bom, pra começar, Kristoff tinha quase 100% de certeza de que o nome do garoto platinado que trocou de tiracolo com ele era Jake Ford, ou algo parecido com isso porque a letra era terrível demais. Além disso, Kristoff acredita ter conseguido o número do celular dele também, mas o problema é que o 7 parece com 1, o 5 parece com o 6 e talvez o 8 seja um 2 sem contar que os dois últimos números são indecifráveis.

O email estava fora de cogitação, não dava pra entender nada além do arroba que saiu enorme demais que pegou três linhas de uma vez dos dados pessoais. E o endereço também estava impossível de ler porque as letras se cruzavam com as de outros dados que mais parecia fios de macarrão numa panela cheia.

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