Capítulo 9 Os Vedas de Jack Frost

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19h da noite de sexta-feira...

Kristoff queria comprar uma pá no caminho de casa e cavar um buraco pra se esconder.

Porém, nada disso será possível sem pelo menos um pertence seu de sua tiracolo devolvido hoje.

Como seu turno acaba mais cedo nas sextas no Isbrevarmer Cafe, Kristoff não quis mais atrasar o grande e terrível inevitável chamado Jack Frost que consegue ser mais inevitável que o próprio Tempo.

Ele sai pela porta de vidro da cafeteria sob as luzes azuis e vermelhas do letreiro de neon, pendurando no ombro uma outra tiracolo sua que estava de substituta da sua favorita. Mas antes mesmo que ele pudesse seguir pela rua, eis que uma certa pessoinha aparece pra atrasá-lo e deixar sua ansiedade lá em cima pra resolver logo os certos favores com Jack Frost.

  - Kristoff!!-Anna brota do nada, toda arrumada, maquiada, perfumada, cabelo feito e já vai agarrando o bração musculoso de Kristoff que se vê obrigado a parar.
  - Oi, Anna.-Kristoff sorri nervosamente pra ela, apesar de estar tentando por tudo agir naturalmente com sua ansiedade.-Está elegante essa noite. Vai sair pra namorar?
  - Ah, é que eu estava procurando por você, Kristoff.-Anna se chega mais, toda sorridente e ele dá um passinho pra trás.-Sabe aquele cinema antigo de que todo mundo fala?
  - Aquele perto do fiorde que só passa filmes antigos?-questionou Kristoff.
  - É!-Anna ri alegremente.-Eles estão fazendo festival de filmes românticos, os maiores sucessos da década de 80 a 90. Daí eu pensei em chamar você pra ver, afinal faz todo sentido uns filminhos de romance nesta noite de verão, não acha?

Sobre fazer sentido... Kristoff sacou totalmente a indireta de Anna e começou a se perguntar se a garota estava fazendo de conta que ele era hétero, ou vem sendo tonta desde a escola que até hoje não acordou pra cuspir.

  - Ah, muito tentador, Anna, mas não vai dar.-diz Kristoff rapidamente e já se vira pra sair voando pela rua.-Tenho assuntos pendentes essa noite, mas divirta-se!
  - Espera aí, seu doido!-Anna ri e agarra o ombro dele.-Está indo aonde com essa pressa toda?
  - Eu estou indo dar!-Kristoff responde antes mesmo de pensar.
  - Como assim?-Anna solta o braço dele e fica com uma carinha confusa.-O que você vai dar?

Kristoff para, fecha os olhos, morde o lábio com ódio de sua santa ignorância e se vira para Anna com o sorriso mais animado e nervoso do mundo.

  - Ah, Anninha, querida!-Kristoff ri como se fosse quase chorar e passa a mão nervosamente pelos cabelos loiros claros.-Érm... eu vou... Eu vou... Dar o meu, o meu...-e aí ele estala os dedos e consegue fazer pior:-Cofrinho!
  - Seu cofrinho?-Anna franze a testa toda confusa.-Aqueles de moedinhas?
  - É! Uma relíquia da minha infância que achei outro dia limpando o apartamento.-Kristoff sai tagarelando naquele sorriso nervoso.-Ele é redondo e rosi... Quer dizer, ele é quadrado e preto. Preto sem preconceito, sabe? Eu sacudi e senti que tinha algum dinheiro antigo metido ali dentro. Era para minhas mesadas da escola, mas depois que você cresce e começa a usar conta em banco e cardeneta de poupança esses cofrinhos de criança acabam tão obsoletos que travam e não abrem mais, que é o caso do meu.
  - Ahhh, entendi!-Anna ri bobamente.-Você vai ao conserto pra arrombarem o seu cofrinho!

Kristoff simplesmente ri e tapa a boca com a mão. Anna fica toda confusa e Kristoff se segura ao extremo pra não rir de novo com a maior cara de safado.

  - Ah, desculpe.-diz ele quase se mijando de rir.-É sim, Anna. Eu vou ao conserto pra arrombarem...-e Kristoff sai rindo e falando junto.-O meu... O meu cofrinho...
  - Do que você está rindo?-Anna pergunta inocentemente.
  - De nada!-Kristoff para de rir instantaneamente.-Mas enfim! É que eu estou com pressa porque o cara do conserto fica numa lojinha bem pequena socada na nos fundilhos do centro e fecha bem cedo. Eu quero passar lá e deixar o meu... O meu cofrinho pra ele... Enfim.
  - E o que aconteceu?-Anna questionou, cruzando os braços pela brisa gelada da noite.-Seu cofrinho não abre mais?
  - Opaa!!-Kristoff começa a rir de safadeza, mas daí para, fica suspeitamente sério e muda de discurso.-Quer dizer, exatamente. Ele não abre mais. Acho que é ferrugem que emperrou as trancas das combinações que não dá mais pra girar.
  - Que coisa de louco.-Anna ri, parecendo super à vontade naquela calçada quando Kristoff estava quase explodindo de ansiedade pra sair voando.-Quanto dinheiro será que tem lá dentro? Deve ser tipo um tesourinho secreto que você esqueceu há muito tempo.
  - Pois é, sempre vem à calhar.-Kristoff assente, mordendo o lábio e quase pronto pra ofegar de desespero.-Eu espero ver o que eu deixei lá dentro quando meu cofrinho estiver dilata... Quer dizer, aberto.
  - Ah, então, tá bom!-Anna ri outra vez e já vem se aproximando pra dar um beijo de despedida em Kristoff.-Vai lá que eu também tenho de fazer outras coisas.
  - Certo, tchau.-e Kristoff vira 180 e sai marchando dali.

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