Sem Querer, Casadas

16

Eu estava no meu quarto, com a cabeça latejando enquanto revirava gavetas, prateleiras, tudo em busca de um remédio para a dor. Tinha acordado suando e com o coração disparado, e tudo por causa de um sonho... ou melhor, um pesadelo delicioso e cruel. Sonhei com aquela noite, a noite em que fiz sexo com Scarlett. Era como se o meu subconsciente estivesse determinado a me torturar, me fazendo reviver cada detalhe, cada toque e cada olhar.

Mas o pior mesmo foi acordar e perceber o efeito que isso teve em mim. Estava com o corpo quente, os lençóis grudados na pele, e meu corpo clamando por algo que eu sabia que não podia ter. A lembrança daquele sonho parecia ainda viva, pulsando como um segredo no fundo da minha mente, enquanto eu tentava me concentrar em encontrar o remédio e me livrar daquela dor insistente na cabeça – e de outras partes do corpo.

Eu já estava lidando com a confusão da mudança, então encontrar qualquer coisa específica, como o maldito remédio para dor de cabeça, estava sendo um desafio. Havia caixas, sacolas e malas por todos os lados, e o caos só piorava a dor latejante.

— Que droga! — resmunguei, frustrada, abrindo outra gaveta como se isso fosse fazer o remédio aparecer por milagre.

Foi então que Thomas entrou no quarto, parecendo incrivelmente relaxado, com as mãos nos bolsos e uma expressão casual demais para a bagunça em que eu estava.

— Tudo bem por aqui? — perguntou, obviamente percebendo que não estava.

— Não, não está nada bem! — respondi, ainda vasculhando gavetas. — Estou tentando achar um remédio para dor de cabeça, mas parece que tudo sumiu! — Dei uma pausa e resolvi compartilhar: — E você não vai acreditar com o que sonhei hoje... — Ele pareceu curioso, inclinando-se um pouco.

— Com o quê?

— Com a noite em que transei com... — E no mesmo instante, a voz morreu na minha garganta, porque Scarlett e Carl apareceram na porta. Scarlett entrou no quarto como se fosse a coisa mais natural do mundo, observando a cena com um leve ar de diversão.

— Olá — ela cumprimentou, despreocupada, enquanto Carl dava uma olhada no que já estava empacotado. Fiquei muda por um segundo, tentando processar a coincidência embaraçosa.

— O que todos vocês estão fazendo no meu quarto? — falei, mais alto do que pretendia. — É um espaço íntimo, sabiam?

— Bem íntimo... — Scarlett deu um sorrisinho, e foi então que seus olhos pousaram na cama, onde uma peça de lingerie vermelha de renda estava jogada de qualquer jeito. Antes que ela pudesse falar algo, eu me joguei para pegá-la, enfiando-a na primeira caixa que encontrei.

— Isso vai na mudança... — falei, tentando soar casual, embora soubesse que minha expressão traía meu constrangimento. Ela riu, e vi aquele brilho provocador nos olhos dela.

— Que ótimo saber que vai levar alguns itens interessantes. Espero que tenha mais dessas guardadas por aí — respondeu, lançando um beijo no ar.

Eu bufei, tentando não revirar os olhos enquanto arrumava o cabelo, fingindo que não estava nem um pouco afetada. Mas, pela expressão dela, eu sabia que estava se divertindo com cada segundo do meu embaraço. Thomas tossiu, tentando segurar a risada, e Carl apenas balançou a cabeça.

— Tá, mas o que vocês estão fazendo aqui? — perguntei, cruzando os braços.

— Viemos ajudar — Tom respondeu, com um sorriso malicioso.

— Até ela? — Apontei para Scarlett, que me encarava com um ar de falsa inocência. Ela deu de ombros e sorriu de canto.

— Acho que eu vim mais para observar... — Eu cruzei os braços, levantando uma sobrancelha.