7. Amanda

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Eu já estava decidida a esvaziar o quarto da Oli a algum tempo, e depois daquela tarde com a Anna e a Maria ali eu resolvi colocar às mãos a obra.

Passei o resto da noite e a madrugada naquela missão, me desfazendo em lágrimas mas separando tudo em caixas para entregar para doação.

Guardei somente algumas pequenas lembranças dela, o mais importante estava registrado nas fotos e no meu coração.

Quando terminei já estava amanhecendo, empilhei as caixa na sala, e ia chamar alguma empresa pra vir desmontar os móveis.

Eu estava arrasada e em uma crise de choro e ansiedade que não passava de forma alguma. Resolvi colocar uma roupa e ir caminhar na orla.

Ainda era bem cedo quando saí do prédio, próximo das cinco e meia da manhã, e resolvi me sentar na praia e assistir o nascer do sol.

Eu fiquei longos minutos ali sentada, apenas contemplando e chorando, lembrando de como foi especial os quatro anos que eu tive a Oli junto de mim.

Eu não tinha raiva ou mágoa de Deus, sobretudo, por terem sido os melhores quatro anos da minha vida e por que tudo que eu vivi com ela, todos os momentos que permaneceriam pra sempre no meu coração.

Registrei uma foto e postei nos meus stories do Instagram.

Escolhi uma música que eu gostava muito e coloquei no story da foto

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Escolhi uma música que eu gostava muito e coloquei no story da foto.

"E quando vejo o mar, existe algo que diz, que a vida continua e se entregar é uma bobagem. Já, que você não está aqui, o que posso fazer, é cuidar de mim." Selecionei esse trecho com legenda e postei.

Desisti de caminhar, fiquei apenas ali sentada, rezando e pedindo forças pra Deus. Em algum momento ele se sentou ao meu lado, e eu não fiz menção de me levantar ou secar minhas lágrimas.

- Eu sinto muito por tudo - ele falou.

Eu apenas olhei pra ele e dei um meio sorriso, eu sabia que independente da nossa história, o Antônio que eu conheci há dezesseis anos tinha um coração enorme, e eu sabia que ele teria amado conhecer a Olivia.

Ele colocou um dos braços sobre o meu ombro, eu encostei minha cabeça ali e ficamos um longo tempo assim.

Eu não queria me aproximar dele, mas naquele momento eu também não queria brigar. Depois de dois anos sem a Oli, eu finalmente estava tentando seguir em frente de verdade, qualquer apoio era importante pra mim.

- A Anna me falou sobre ontem, me desculpa, sobre o quarto, sei que deve ter doido em você - ele quebrou o silêncio falando baixinho.

- Doeu, mas era necessário, eu já estava postergando desmontar o quarto, depois que elas foram embora criei coragem, já empacotei tudo, faltam apenas os móveis, vou pedir alguém pra buscar depois - expliquei.

- Sei que você não quer muito contato, mas se precisar de ajuda estou aqui - ele se ofereceu.

- Seria uma ajuda muito bem-vinda - falei, já me dando conta que talvez aquilo fosse um erro.

DocShoe - Sempre suaOnde histórias criam vida. Descubra agora