19 DE JULHO DE 1984
SILVERSTONE, GRÃ-BRETANHASE MINHA mãe ainda falasse comigo diria que eu era louca, e talvez ela tenha razão. Eu larguei meu emprego — não oficialmente — e aceitei a proposta de Ayrton sem sequer pensar sobre isso antes. Apenas o fiz, confiei no piloto. E por alguns minutos me arrependi, especialmente quando ele me levou até um terreno vazio, onde havia um helicóptero e mais um homem.
— Ayrton, o que é isso? — pedi, me sentindo estúpida por pedir o óbvio.
O brasileiro se voltou na minha direção e sorriu.
— Céline, estamos indo para a Grã-Bretanha.
— Num helicóptero?
— Isso.
— E por quê não um avião, ou um trem?
— Por quê não um helicóptero? — disse, agora tirando minha mala da minha própria mão e a colocando no espaço de trás da aeronave.
— Porque é menos seguro, talvez?
Ayrton riu e fechou a porta, então se virando para o senhor ali perto.
— Bom dia, John — disse em inglês, também com seu sotaque marcado. — Como estão as condições de hoje?
— O dia está tranquilo para voo, senhor Ayrton. Pouco vento e visibilidade cem por cento. O heliporto em Silverstone está a sua espera. Tempo de viagem, por volta de trinta a cinquenta minutos — informou.
O piloto brasileiro concordou e agradeceu as informações e então me encarou, como se me convidasse a entrar na cabine.
Eu ergui a sobrancelha.
— O que há? — pediu.
Ayrton riu e balançou a cabeça, então umedecendo os lábios e colocando a mão na cintura.
— Quando se sentir confortável, cheri, pode embarcar na aeronave — caçoou.
Cerrei os olhos para ele, vendo-o rir. O respondi com ironia e então entrei no helicóptero, sentindo o couro do banco grudar na minha coxa. Sentei do lado direito, e Ayrton fechou a porta, dando a volta e sentando do outro lado. O encarei assustada e curiosa.
— O que está fazendo?
— Coloque isso — ele disse, estendendo um headset.
Sem contrariar eu o fiz, ainda curiosa e esperando uma resposta para a minha pergunta.
— Ayrton, o que você está fazendo?
— Vou nos levar até a Inglaterra, Céline — disse simples, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Ele colocou o headset em sua própria cabeça e então afivelou o cinto em mim. Ayrton apertava vários botões no painel da aeronave enquanto eu apenas raciocinava tudo o que estava acontecendo, sem realmente acreditar que ele pilotaria um helicóptero.
— Ayrton, por favor me diga que você sabe pilotar um helicóptero — pedi, quase em desespero.
O brasileiro então me encarou com a sobrancelha erguida e parou as mãos no ar, as deixando cair no colo.
— Céline, isso é uma pergunta séria?
Eu dei de ombros.
— Eu só... — então bufei. — Meu Deus, Ayrton — resmunguei. — O que tudo você pilota?
VOCÊ ESTÁ LENDO
MY SOMETHING, ayrton senna (slow updates)
FanfictionSenna. Um nome que seria muito falado desde seu ano de estreia na Fórmula Um. Leclerc, outro que seria igualmente conhecido. Mas o que as pessoas pouco sabiam, era que Ayrton e Céline se ajudaram mais do que nunca para construírem a reputação que vi...