MY SOMETHING, ayrton senna (slow updates)

NEUF

notas iniciais

quem é vivo sempre aparece, não é?

sei que normalmente coloco os avisos apenas no final, mas queria falar um pouco sobre a montagem desse em específico:

vai rolar um flashback no meio, por isso as datas vão mudar, voltando para o passado (um pouco diferente dos outros)

espero que gostem, e tenham uma boa leitura! 💞

10 DE DEZEMBRO DE 1985
PARIS, FRANÇA

  EU ESTAVA COM facilidade de escrever as coisas, visto que nos últimos meses era tudo o que estava fazendo. Em um único dia, eu escrevia pelo menos três textos, e quase sempre era sobre Fórmula Um.

  Eu não gostava muito de escrever sobre a vida pessoal dos pilotos, mas algumas coisas eram interessantes o suficiente — como por exemplo Nelson e Gerhard brigando por conta de uma mulher (e o brasileiro é casado!).

  De qualquer maneira, as pessoas estão vindo atrás de mim para isso, para escrever à elas algo que traga mais visibilidade para suas revistas. Claro que as fofocas atraem atenção, mas os meus textos sobre as corridas também estavam ganhando reconhecimento. Ou por serem bons, ou porque nesse ponto, todos já sabem que eu e Ayrton somos amigos.

  Desde o começo da temporada, Senna e eu passamos mais tempos juntos, mais do que o habitual — até mesmo depois daquele dia. Sinceramente pensei que o clima entre nós seria estranho depois daquilo, mas isso durou pouco tempo, visto que voltei para minha casa em Paris e apenas voltei a vê-lo final de fevereiro, quando os testes na Lotus começaram.

  A temporada desse ano passou rápido demais, mas poucas coisas interessantes aconteceram de fato. Alain estava disparado na pontuação, basicamente preparado para ser campeão pela primeira vez, e Ayrton estava cada vez mais focado, especialmente depois de sua primeira vitória em Estoril.

  Acho que nunca tinha visto Ayrton tão feliz, e é claro que ele deveria estar, era sua primeira vitória afinal.

  Lembro exatamente daquela corrida, com todos os detalhes possíveis.

  Para começar que sua estreia na Lotus foi de arrepiar, visto que havia quase conquistado o pódio na primeira corrida, uma em casa, no Rio de Janeiro. Mas devido uma falha elétrica em seu carro, ele precisou abandonar a corrida.

  Mas em Estoril ele chegou determinado a recuperar o que havia perdido.

  Estava chovendo muito em Portugal naquela tarde de abril, e foi outra oportunidade para ele mostrar todo o seu talento na chuva.

  Ayrton já o tinha feito naquela corrida em Mônaco na temporada passada, mas ele nunca falharia em nos surpreender com suas habilidades.

  Era de arrepiar. Tudo.

  As manobras que fazia, a precisão que passava pelas curvas e como ultrapassava os carros sem dificuldade alguma, como se a chuva não fizesse diferença nenhuma.

  Estávamos todos surpresos, incrédulos e apaixonados por suas manobras.

  Quando a prova terminou e Ayrton deixou seu carro com tamanha felicidade, eu não me contive.