VIRADA DO ANO DE 1985 PARA 1986
TATUÍ, SÃO PAULOQUANDO AYRTON DISSE que tinha um presente para mim, eu não imaginei que fosse uma viagem.
Na manhã seguinte do Natal, acordamos cedo, mais cedo do que achei que acordaria depois de ir pra cama depois da uma da manhã.
Estava quente em seu sítio, mas o dia estava lindo.
As crianças ganharam mais presentes — com a desculpa de que desta vez era o presente do Papai Noel de Milton e Neyde —, e então eu pude dar as minhas lembranças da França para a família Senna.
No entanto, o presente de Ayrton foi o que me deixou completamente absorta naquele dia — nos últimos dias passados também.
Ele tinha um envelope em mãos, e eu não imaginava o que poderia ser.
De primeira vi um cartão postal. Era um lugar paradisíaco, para dizer o mínimo.
Praia, água bem azul, sol estridente, e, sinceramente, parecia uma ilha privada.
No canto esquerdo do cartão dizia 'Angra dos Reis, RJ'.
Eu nunca tinha ouvido falar desse lugar, e então Ayrton me explicou que "RJ" queria dizer 'Rio de Janeiro', e então com um sorriso ele pediu para eu virar.
"Esse cartão postal é mais especial do que uma simples foto de um lugar bonito, chéri. Por favor, venha comigo usufruir este paraíso na Terra. Não aceito não como resposta. Béco" e uma carinha feliz desenhada.
Eu não acreditava, para ser sincera. Achei que ele estivesse brincando.
Ele não estava, é claro. Tanto que ele e sua família precisaram me convencer de que era verdade, e também me convencer de que eu deveria ir também — porque eu não queria aceitar de jeito nenhum.
Ayrton já foi generoso o suficiente ao me receber em sua casa sem aceitar nenhum tipo de pagamento, e agora uma viagem? Era demais.
Acabamos discutindo um pouco sobre esse presente, e então eu tive uma conversa com Viviane. Na verdade, era com dona Neyde através de Viviane, já que a matriarca não conseguia se comunicar direito comigo.
Ela me explicou como seria importante para Ayrton aceitar este presente, e fez questão de pontuar com todos os detalhes por quê eu deveria ir, e no fim das contas, me convenceram.
Vamos para Angra dos Reis no segundo dia do ano.
Eu não pensei que ficaria tanto tempo assim, tanto que eu nem havia comprado minha passagem de volta para a França, mas eu mesma me surpreendi.
Claro que Ayrton é um dos, se não o principal motivo pelo qual continuo aqui, e também por eu estar amando estar aqui.
Depois daquele beijo que demos no Natal, fiquei com receio de as coisas entre nós ficarem frias como da outra vez, mas estava enganada, para a minha sorte.
Ainda não conversamos sobre, afinal de contas, e eu não sabia dizer se isso era algo bom ou ruim, porque nada entre nós mudou, não completamente, e eu não queria que mudasse.
Os dias seguintes foram normais, mas tinha algo de diferente, a energia entre nós dois era um pouco diferente. Parecia mais leve, mas um tanto confusa também. Ayrton me tocava um pouco mais. Para tirar cabelo de meu rosto, ou para arrumar algo em minha blusa, ou até mesmo os chapéus e óculos de sol quando saíam do lugar, e sempre de noite eu recebia um beijo de boa noite no canto dos lábios.
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MY SOMETHING, ayrton senna (slow updates)
FanfictionSenna. Um nome que seria muito falado desde seu ano de estreia na Fórmula Um. Leclerc, outro que seria igualmente conhecido. Mas o que as pessoas pouco sabiam, era que Ayrton e Céline se ajudaram mais do que nunca para construírem a reputação que vi...