Calebe

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 " Eis que a mão do Senhor não está  encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido, agravado, para não poder ouvir. Mas as vossas inquietudes fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça." (Isaias 59:1-2)

Os dias foram passando e pelo menos três vezes da semana Alice saia com Juliana, que era uma garota linda, mas não tinha juízo algum. Felizmente no dia seguinte Arthur ligou, ela brigou feio com ele por enviar fotos e por falar asneira. Ele perdeu o encanto que alimentava. Era tanta pressão sobre a garota, que em alguns dias, eu a escutava chorar enquanto escovava ou dava banho em um animal. Até que ela se fechou, parecia os velhos que compravam os cavalos, fria e imponente. E só mudava quando as crianças chegavam, ou quando saia com a Ju.

 A data do segundo rodeio chegou, continuamos com a mesma turma, menos Arthur.

Alice já havia bebido bastante quando a minha prova começou, Apolo não estava focando no que realmente importava, antes de começar a rodar o tempo olhei para o camarote e a vi olhando para mim, eu acenei e ela retribuiu. Peguei o terceiro lugar, sabia que não ia conseguir ganhar com aquele cavalo. Mas precisava treinar em situações reais. Era a sua primeira vez, com tantas pessoas e em uma arena diferente. No dia seguinte Grito iria competir e eu precisava me concentrar. Depois das fotos Alice afagou o focinho do Apolo

– Calebe, o que aconteceu com você? Ele tinha capacidade para conseguir no mínimo o segundo lugar.

– A que ponto eu cheguei?! De ouvir bronca de uma bêbada, – expressei meus pensamentos sem me importar. – Agora se a senhora me der licença, eu vou colocar o animal para descansar e quem vai beber sou eu. – Sai sem esperar resposta.

Mandei mensagem para minha mãe "terceiro lugar, está tudo bem. "quando voltei para a festa Ju e Alice dançavam em cima de um dos carros automotivos. Aah que se dane, vamos colocar para moer. Festamos até o dia raiar e quando me levantei, o café estava passado e senti cheiro de carne assando. Ju, e outras garotas jogavam caxeta, Patrick estava na churrasqueira e Alice estava exercitando Grito enquanto Apolo já estava molhado de suor.

– Boa tarde, dorminhoco. – disse Patrick me entregando uma caneca.

– Obrigado por cuidar deles, eu esqueci de colocar o celular para despertar.

– Na verdade ele despertou eu achei melhor deixar você dormir mais um pouco. – Eu bebi um gole do café amargo.

– Ontem eu te ofendi e sei que está brava comigo. – Ela desviou o olhar.

– Não estou. Bebidas só depois da prova, ontem me esqueci do nosso combinado. E percebi que estava preocupado. Mas não precisa, eu estou ótima.

– Sei o que está tentando fazer, só toma cuidado para não passar dos limites, está bem?

– Não sei do que está falando.

– De toda  pressão. – Me virei e fui comer, precisava repor minhas energias mais cedo e não iria discutir com a ruiva.

À noite, Alice estava no camarote atenta a competição, sem lata ou garrafa em suas mãos. Olhei para o meu parceiro, ele estava ansioso. No sorteio o garrote era o de número cinco, um animal cruzado que não parecia muito feliz por estar ali, ele era o menor e mais ágil entre os que estavam na arena. E como previsto foi uma prova difícil, mas ainda conseguimos o segundo lugar. Caminhando em direção do trailer eu decidi não começar uma conversa, não aceitaria ela me dizer que eu poderia ter sido melhor.

– Foi bem complicado essa noite. vocês fizeram um ótimo trabalho.

– Como sabe que foi complicado? Só me vê treinando em casa, com os animais de lá.

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