Alice

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"Deus faz o que quer; quando ele decide fazer alguma coisa, ninguém pode impedir." ( Jó 23:13)

Estamos em um mundo em que queremos fazer tudo por nossas mãos, ser autossuficiente é a regra, mas quando Deus quer tocar em você, Ele usa qualquer pessoa. 

desculpem pela demora e não desistam dessa garota.

Depois do barzinho fomos a uma boate que tocava música sertaneja remixada, não era exatamente para aquele lugar que eu iria se estivesse sozinha, mas foi uma indicação de Calebe. Estava muito agradável e encontramos alguns colegas das festas de rodeio, bebemos e dançamos com nossos amigos. Até que começou um forró e Calebe me chamou, incrédula que ele dançava melhor que eu, nos empolgamos e dançamos outras músicas. O problema foi olhar para cima e encarar os olhos que já me fitavam, engoli em seco, sabendo que mais perdida que eu estava, não poderia ficar. Senti sua mão que segurava firme minha cintura subir para minha nuca, nos beijamos e ao mesmo tempo entendemos a proporção da encrenca.

– Que merda, acho que a gente bebeu de mais.

– Você não parece bêbada suficiente para perder a noção.

– Não estou, mas me sinto mal. Acho que preciso ir para casa. – Quando me virei, alguém nos fitava. Juliana! Que com os olhos cheios de decepção e lagrimas correu em nossa direção.

– Você me disse que não queria se envolver com ninguém, que estava focado na competição. Mas ganhar o haras faz parte né. Pegando a idiota da Alice, como fez com aquela patricinha. Bem que meu pai me avisou o quanto você valia. Já você, sua tola, vai ser só mais uma da lista de fazendeiras que ele vai pegar.

Eu me afastei deles silenciosamente e parei de frente o meu carro, que por ironia a chave estava na calça de Calebe, que não demorou a me encontrar.

– Me deixa dirigir? – eu me afastei e fui para o outro lado.

– A Ju esta maluca, porque não quis namorar com ela, achei que ela tinha entendido.

– Não importa, não vai acontecer novamente.

– A culpa não foi somente minha, você queria tanto quanto eu. – disse ele no meio do caminho.

– Tudo bem Calebe, eu queria, matei minha vontade, foi suficiente. Obrigado! É isso que quer ouvir? Ou você queria ouvir: foi o melhor beijo da minha vida, senti borboletas no meu estomago? Só tem um pequeno detalhe, as borboletas possuem fogo em suas asas e toda vez que encostam na parede do meu estomago elas queimam. – Eu disse aos gritos, extravasando a humilhação que havia sofrido. – E encosta a porra do carro agora.

Ele encostou e eu desci e vomitei o líquido que queimava minha garganta. Ingerir bebida alcóolica já queima, mas já experimentou vomitar ela? Parece que queima dobrado. Não sei porque insisto nisso.  Voltei para dentro do veículo e os olhos dele não estavam com raiva e sim preocupados.

– Me desculpa se te fiz sentir mal.

– Como você mesmo disse, foi porque eu quis e não é culpa sua. Agora vamos para casa por favor.

Calebe acelerou na estrada de chão, até que algo chamou nossa atenção. Era um garoto, com uma sacolinha na mão. Podia ser algum golpe, alguém usando uma criança para nos fazer parar, mas ao nos aproximarmos, não me parecia estranho. Era Alexandre, um dos garotos do abrigo. Calebe parou o carro e correu em direção ao garoto, trazendo-o no colo. Eu peguei o celular e liguei para o lar. Eles estavam muito preocupados, eu pedi permissão para dar a ele um boa noite de sono na fazenda e uma chance de se explicar e no dia seguinte eu mesma levaria ele de volta. Com um pouco de insistência, consegui.

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