Alice 11

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Tive que fazer algumas pessoas perderem seu final de semana para me ajudar. A primeira, foi a advogada Amanda, só pelo seu nome já sabia que ela teria êxito, depois fui ao orfanato resolver algumas questões burocráticas com a Bruna a psicóloga, eram as últimas coisas que faltavam para o contrato imediato dos garotos. Que desde que ficaram sabendo, não se aguentavam de ansiedade. Eu estava feliz também, por me preocupar com coisas importantes como a adaptação deles, do que o processo que iria correr por causa da tentativa de estupro.

– Tia, não fica triste, o machucado vai sarar e pode ficar tranquila, aqui é seguro. – disse uma menina que tinha uns cinco anos. Me dilacerou o coração, porque isso significava que ela já tinha vivido coisas tão piores que eu.

– Obrigado meu amor, me sinto mais calma com suas palavras. – A pequena me abraçou e voltou a brincar. Por alguns minutos eu só fiquei ali olhando para ela, grata por estarmos salvas.

Bruna e eu conversamos por horas, ela era conhecida por levar os princípios cristãos e a palavra para seus aconselhamentos. No final consegui enxergar o que poderia ser o propósito da minha vida.

– Senhor, eu ainda sou nova nisso e estou cheia de pecados,  mas sei que me ouve então quero te pedir Pai, usa-me para proporcionar mais momentos felizes a essas crianças.  Me perdoe por ficar pensando no que poderia ter acontecido, mas eu te agradeço, por tudo que não aconteceu, por todo o livramento.  E ao homem que fez isso, que a sua justiça seja sobre a vida dele. – orei quando entrei no carro.

Ainda na cidade, acelerei para o hospital, retoquei a maquiagem e desci. Não havia ninguém no quarto, eu pedi mais informações, mas a moça que estava como secretaria era novata e só me disse que não havia ninguém internado com nome do meu pai. Liguei no celular de Carla, mas só dava fora de área. Fui para até sua casa, mas ninguém atendeu. Liguei até para o dr. Rafael, mas também não chamava. Voltei para fazenda preocupada e vi todos os carros em casa, senti um certo aperto. Eu corri acelerando ainda mais os batimentos, quando na porta bati de frente com dr. Rafael.

– Nossa, aonde vai assim tão apressada? – com as mãos em meus ombros por eu perder o equilíbrio.

– Ai, me desculpa. O que está acontecendo? Eu passei no hospital e não tinha ninguém. – Ele sorriu.

– Eu te disse que seu pai voltaria para casa. – Ele apontou para um cômodo cheio de gente. Eu no mesmo instante me joguei em um abraço apertado agradecendo a Deus por usá-lo.

Nós fomos em direção ao tumulto, minha vó Lena, tias e meus primos estavam em casa, foi uma festa. Abracei Pascoal e disse que eu o perdoava, mas era para parar de me assustar. Ele riu e prometeu tentar ser menos manhoso. Conversamos jogamos cartas, brincamos e nos divertimos. Chamei o médico mais lindo e cobiçado para um passeio a cavalo comigo pela propriedade, eu precisava ver o confinamento que já tinha iniciado. Calebe não agiu com bons modos ao perceber que quem montaria em Faruck era Rafael, mas não me importei com seu comportamento.

– Sabe Alice, sei que é um momento de muita alegria para você e toda sua família. Mas não posso te dar falsas esperanças. Seu pai não está curado. A condição está estável, mas não posso te garantir que ele vai durar muito.

– Olha Rafa, eu nunca tive meu pai. Agora Deus me deu essa oportunidade, de tanto eu insistir Ele fez minha vontade de saber a verdade. Mas por algum momento isso não me bastou, eu me revoltei e me irei. E ele foi parar no hospital, meu coração foi quebrantado e hoje eu o amo, vou fazer o melhor para que tudo fique bem.

– É bom te ouvir falar de Deus e de perdão. você não parece ser uma pessoa religiosa. – Meu rosto provavelmente estava vermelho como um pimentão, porque eu senti o calor na face.

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