Cathenys foi criada em uma espécie de harém em Pointsville junto de sua mãe, uma mera concubina. Apesar das circunstâncias, recebia várias visitas de seu pai, o rei Jordensy IV, junto de presentes, joias e roupas. Infelizmente enquanto possuía dez p...
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*Pov: Cathenys*
Ela poderia ter começado a falar, se não fosse o som rápido da espada de Thera se erguendo, seguido pelos guardas e homens armados. O primeiro a avançar foi Meadox, recebido por uma expressão entediada. Os dedos da mulher se moveram, como em um gesto casual durante uma conversa, mas ao invés de simplesmente enfatizar suas palavras, esse movimento aparentemente inocente arremessou Meadox contra a parede. Ele colidiu de costas, apenas protegido pelo fino tecido de seu uniforme informal. O impacto fez-me imaginar a dor que o Domine sentiu, e eu teria corrido até ele se Thera não tivesse se posto à minha frente com sua espada erguida. Dessa vez, ela não riu nem demonstrou qualquer insatisfação - ou talvez eu não tenha prestado atenção suficiente. Apenas ergueu os braços e, com um movimento ágil, prendendo todos os homens no ar por alguns segundos antes de lançá-los para fora da sala com um único gesto. A porta, que normalmente demoraria um minuto para ser aberta por completo, foi fechada com rapidez, como se fosse feita de palha. O estrondo foi tão grande que jarras de vinho caíram no chão, derramando o líquido vermelho pelo piso.
Não foi necessário mais do que um piscar de olhos para que ela estivesse em minha frente. Suas unhas longas roçaram minha pele, deslizando do canto da testa até a mandíbula. Eu não poderia desviar, por mais que quisesse me esconder debaixo da mesa. Mantive toda a atenção nela, sem desviar o olhar nem mesmo se um ser divino ordenasse eu evitaria o contato direto.
— Você é muito bonita, como seu pai, forte, com raiva acumulada, mesmo que nunca admita para si mesma. — Ela desviou o olhar para o teto, aspirando o ar que, para mim, não tinha cheiro, mas para ela parecia o mais perfumado das rosas do jardim. Um sorriso diabólico apareceu em seu rosto ao me encarar novamente, mexendo em meus cabelos e observando a cor dos meus olhos. — Mas a essência é de sua mãe: bela, jovem, doce... falha. — Suas palavras saíam como as de uma bêbada de taberna.
— Quem é você? — Minhas palavras soaram fracas, ridiculamente fracas. Não era a pose que eu deveria manter diante de tal situação. Mas lá estava eu, travando uma batalha silenciosa com meu subconsciente, que insistia em me paralisar. Penso que meu máximo controle foi repetir a mesma expressão de Nora ao esperar uma resposta: lábios parcialmente retraídos, sobrancelhas arqueadas, uma mão segurando o outro pulso e as costas perfeitamente alinhadas, tão alinhadas que chegava a doer.
— Eu? Eu sou o equilíbrio da magia e da Terra, sou a guardiã do que vocês chamariam de impossível. Vejo reinados nascerem e morrerem, eu sou o tudo e o nada. — O tom de suas palavras era alto, firme, majestoso, muito mais do que eu poderia ser. Me aproximei mais dela com uma estranha calmaria, contrariando os pensamentos que me pediam para parar e abaixar a cabeça.
— Uma bruxa. Equilibram e guardam a magia negra, veem reinados nascerem e morrerem, no futuro e no passado. Algo que, com certeza, você sabe muito bem o que aconteceu ou acontecerá. Eu estudava seres místicos com... — Interrompi-me, sabendo que ela provavelmente já conhecia a continuação daquela frase. Mesmo assim, não era um fato interessante para nosso diálogo. Talvez ela estivesse manipulando a situação para obter informações confidenciais. Resolvi então guiar nossa conversa até onde conseguiria dominar.