A Ponte

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*Pov: Cathenys*

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*Pov: Cathenys*

A última vez que coloquei meus pés na ponte de Pointsville eu ainda tinha dez anos. Ainda me lembro como se fosse ontem do que meus olhos viram naquela tarde de verão, em uma praia estendida diante de um bosque, a vinte minutos de distância do porto.

Em sua visão geral, era fácil enxergar sua passarela se conectar com pelo menos cinco ilhas distantes uma da outra. Com um telescópio, víamos ela ir de encontro com mais seis e sempre adiante. Acho que ninguém sabe onde ela acaba, o que a faz ser ainda mais atraente aos exploradores. Infelizmente, os aventureiros não tiveram sucesso em explorar qualquer uma das ilhas. A maioria não voltava, e os que voltavam morriam após poucos meses de loucura e sofrimento, deixando claro que as ilhas preferiam se manter desconhecidas, pelo menos aos olhos humanos.

A ponte começava com duas espadas inteiras cravadas uma de cada lado, exibindo o brasão de Pointsville em seus pomos. O brasão era um desenho de uma sombra de um rei com aparentemente duas cabeças e uma coroa acima. O significado era algo parecido com ter duas mentes ao se governar, mas não era algo que me agradava, mesmo sabendo seu significado. Acho que, de todas as coisas de meu reino, a favorita era a ponte. Quando não estava sobre ela, mistérios sempre me agradavam, e mistérios é o que não faltam quando se trata da ponte que carrega o nome do meu reino. Seu piso era de madeira âmbar, sempre parecendo mole com a força da água. Algumas de suas ripas subiam dependendo da força da onda que passava por debaixo delas, rangendo como uma velha reclamona a cada passo errado dado por alguém, como se quisesse ditar nosso modo de andar sobre sua passarela. Tinha certeza de que um dia elas se romperiam, e eu cairia nas profundezas do mar. A ponte já era cruelmente linda quando lembrava desses pequenos detalhes, mas isso não bastaria para um monarca de Pointsville. Ela precisava ser algo maior do que isso, precisava que todo o Continente se lembrasse do que somos capazes. Seu parapeito era uma imponente fileira de lâminas afiadas, brilhando com os raios de sol que batiam sobre elas. Dava para sentir calor entranhado no corpo só de olhá-las. Elas não eram regulares; eram espalhadas. A ponta de algumas era voltada para dentro do caminho que passávamos, outras voltadas para o mar, outras voltadas para dentro, uma bagunça, mas uma bagunça de arrepiar até o último fio de cabelo. Quantos anos demorou para ser construída? Só Deus sabe. A única coisa que se sabe é que foi construída no dia em que Pointsville se ascendeu, talvez como um pequeno ponto migratório para as primeiras raças humanas, quem sabe? Foi escrito em uma espécie de papiro que o primeiro rei de Pointsville, como forma de tornar a construção ainda mais cruel, mandou que todos os empregados pincelassem veneno em todas as lâminas. A receita do veneno ainda é estudada e testada pelos mais diversos mestres, mas nunca conseguiram chegar ao ponto de uma como aquela, um veneno de centenas de anos atrás que permanece intacto até os dias de hoje. Seus efeitos são fortes e rápidos. Uma vez, descreveram como se fossem milhares de outras pequenas lâminas cortando o caminho de sua garganta até o intestino. Depois, seus músculos paralisam, impedindo qualquer forma de movimento do corpo e por fim, sua alma é levada em pura agonia.

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