𝘕𝘰𝘯𝘰

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北川綾 — Ayα Kitαgαwα

Virei as costas para Haiden e fui até Draken que estava encostado em sua moto.

Vestido todo de preto, com as mãos nos bolsos e a sua trança no topo da cabeça. No guidão da moto estava um capacete pendurado, e pela primeira vez ele não estava olhando a marca na parede.

— Oi. - Disse sem graça ao me parar um pouco longe dele.

— Oi. - Ele pegou o capacete e me entregou.

— Posso saber onde você vai me levar? - Peguei o capacete e logo o coloquei.

— Você vai ver. - Ele se sentou na moto e fez sinal com o queixo para que eu me sentasse atrás dele. — Pode se segurar em mim. - Ele mordeu o lábio, como resposta eu arqueei apenas uma sobrancelha. Me recusei a segurar em sua cintura, então estava com as mãos segurando na parte traseira, mas no momento que ele acelerou eu me agarrei ao seu corpo, ele tinha feito de propósito, sair rápido daquele jeito apenas para eu ceder e deixar de ser teimosa.

Sua trança voava com o vento e a velocidade que ele dirigia, de vez em quando ela batia no topo da minha cabeça, mas nada de mais, apenas irritante por ele ser alto de mais.

Não demorou muito para a moto parar do nada e ele sinalizar que havíamos chegado. Ele tinha estacionado em frente um parque bem iluminado, porém vazio, não questionei pelo lugar, estou tentando curtir um encontro.

— Ali tem o melhor curry que eu já comi na minha vida. - Ele se abaixou um pouco para ficar na minha altura e apontou para uma barraquinha de comida.

— Achei que o melhor curry fosse o da lanchonete. - Fiz uma careta.

— Ele é bom, mas o deles é melhor. - Draken me lançou uma piscadela e eu bufei.

— Então porque você continua comendo na lanchonete?

— Para te ver. - Eu não estava esperando que ele falasse com tanta facilidade, admitir uma coisa dessas como se não fosse nada. No mínimo corajoso.

Andei atrás dele para deixar que ele fizesse os pedidos.

Fiquei com vergonha depois de ouvi-lo dizer que só frequentava a lanchonete por minha causa. Por mais que ele esteja me lembrando um pouco a época que eu precisava lidar com Kisaki, até que Draken conseguia me deixar mais confortável, ele é evasivo, mas não no ponto que o Kisaki era. Na verdade, eu nem conseguia o enxergar como um stalker, eu conseguia o ver como uma pessoa preocupada, o que é uma pena, precisarei mentir sobre aquela maldita marca para que ele saia do meu pé com esse assunto.

— Aqui está, loirinha. - Ele me entregou a vasilha de curry e me levou até um banco no parque que estava vazio. Nos sentamos lado a lado e esperou até que eu comesse um pouco do curry, acho que estava querendo minha aprovação. Estalei a língua no céu da boca e finalmente comi um pouco. — É bom, não é? - Disse como se estivesse se gabando.

— Gostoso. - Concordei enquanto dava mais colheradas na vasilha. — Mas eu ainda gosto mais da sopa de tomate da lanchonete.

— Qual sua comida favorita? - Perguntou rápido.

— Qualquer coisa com camarão. - Concordei assim que terminei de pensar. — Mas aquela sopa de tomate...

— Já entendi que você preferia estar comendo a maldita sopa de tomate, Aya. - Gargalhamos juntos.

Draken e eu não conversamos sobre muita coisa, nós mais aprofundávamos os assuntos do que mudávamos. Ele me contou que aquela tatuagem legal que tinha na cabeça tinha surgido de uma pichação de muro, e que ele fez quando estava na quinta série. Tentei perguntar sobre sua família e os amigos, mas ele me cortava todas as vezes. Não vejo problema nenhum sobre ele não querer me contar, mas não fazia muito sentido me fazer tantas perguntas e não querer responder nenhuma das minhas.

Kinpatsu no Megami ✧ ⌠Dʀᴀᴋᴇɴ⌡Onde histórias criam vida. Descubra agora