29| mete marcha

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DÉBORA

— Agora é sério. Eu tenho que ir embora, amanhã eu levanto cedo.

  Meu sorriso tava fazendo a minha bochecha arder de tão largo.

  Eu tinha conseguido. Consegui ser sincera com ela. E graças a Deus, deu muito melhor do que eu imaginava. Nós ficamos o resto do tempo conversando sobre coisas aleatórias e fazendo carinho um no outro.

— Dorme comigo hoje, Debinha!? — Ele pediu deitando nas minhas pernas e abraçando minha cintura.

  Minha vontade era mesmo de ficar, mas nem tudo é como a gente quer.

— Não da, parça. Nem roupa eu trouxe. — Fiz um carinho nos cachos dele.

  Thiago bufou.

— Mas se quiser esse fim de semana eu venho pra cá ficar com você. — Fiz a proposta e ele até levantou pra ver se eu não tava brincando. — A menos que você tenha show, né!?

— Não vou ter não... Tô meio surpreso de você tá querendo ficar suave em casa num fim de semana.

  É, ele me conhece mesmo, sabe que eu odeio ficar em casa nos finais de semana. Mas eu sei que se a gente sair eu vou ter que dividir a atenção dele com outras pessoas, e no momento eu quero ele só pra mim.

— To cansada essa semana. — Menti e não disfarcei. Queria que ele soubesse que eu quero estar com ele.

— Ih, mete o louco, Débora. Eu sei que você quer ficar grudada no Titi. — Ele sacou a minha omissão e me fez rir.

— Se acha, né!?

— Depois das coisas que eu ouvi hoje, me acho mesmo, pode pá! — Ele disse mais sério me deixando com as bochechas quentes.

— Que bom que você sabe o valor deu estar apaixonada por você. — Brinquei, mas ele ficou sério, mais do que já tava. — Oxi, o que foi?

— Você confessou estar apaixonada por mim. — Ele continuou sério.

  O Thiago sério é algo problemático.

— Thiago...

— Ah parça, é que ce não tinha definido exatamente o que tava sentindo por mim. — Ele voltou a sorrir e me abraçar.

— Pensei que tava claro... Mas oh!? Não fica falando muito não que eu sou chucra, você sabe. — Falei me sentindo tímida.

  Eu sou cara de pau pra muitas coisas, mas uma bunda mole pra demonstrar sentimento. Sempre que acontece minha cara queima e minha dicção falha. É uma merda.

— Chucrinha desenvolta. — Ele me roubou um selinho. — Agora vamo, se não eu não vou te deixar sair daqui.

  Thiago levantou pegando o seu boné da Ed que tinha deixado no braço do sofá.

  Levantei já me ajeitando e preparando minha mente pro sermão. Meu celular tava no silencioso desde a hora que eu cheguei aqui na casa dele, e não quero nem ver os xingamentos que minha mãe me mandou. Não quero estragar a minha noite.

  Segui o Thiago de novo até o elevador e pelo espelho vi o quanto aquela calça jeans clara tinha ficado boa em mim. Bendita seja a Sal e Pimenta.

  Assim que a porta do elevador abriu o Thiago entrelaçou nossa mão me deixando com a barriga gelada e o coração acelerado pra caceta. Que ódio. Mas o contato nem durou muito já que a moto dele tava perto.

[...]

  O caminho de volta foi no mesmo pique que o da ida, só que era um silêncio tão gostoso que me fazia querer atravessar São Paulo na garupa dele.

  Todo o êxtase, o arrepio e magia que eu tava sentindo foi preenchido por um aperto no peito assim que ele estacionou na frente dos predinhos.

  Sem demonstrar a depressão que eu tinha ficado eu desci da moto e entreguei o capacete reserva pra ele.

— Agora só fim de semana. — Falei ficando próxima dele.

— Pode pa que eu tô contato os minutos pra te ver de novo, Debinha. — Ele disse sendo fofo. Na real, o Thiago sempre foi um cara fofo, totalmente o meu oposto.

— Eita como tá na minha. — Agarrei o pescoço dele, dando um abraço forte.

— Da um beijo de despedida aqui!?

  Ele não precisou pedir duas vezes.

  Nosso beijo sempre vai mexer comigo, isso que é muito foda. O Thiago sabe sempre o que tá fazendo, e isso faz ele ser o melhor em tudo.

  Dei dois selinhos separando alguns centímetros nosso rosto, ele me fez um carinho na bochecha.

— Mete marcha, se não eu não vou te deixar sair daqui. — Falei baixo como se fosse segredo.

  Thiago me deu outro selinho antes de colocar o capacete.

  Logo fiz tudo que meu corpo não queria. Dei as costas pra entrar.

— Débora? — Ele me chamou.

  Olhei por cima dos ombros já pensando que esqueci alguma coisa.

— Eu te amo! — Thiago soltou e arrancou com a moto sem nem deixa eu responder.

  Filho da puta.

MANDRAKA - VeighOnde histórias criam vida. Descubra agora