Fomos para o outro lado, sentar no Bar de Leu. Ele pediu uma água e eu não quis nada, estava curiosa demais para saber o que ele tinha para falar, tanto que cancelei meu uber. Da parte do bar que estávamos, havia uma meia parede que impedia quem estivesse na rua nos víssemos. Ele começou dizendo que sabia o que eu estava pensando a respeito dele, e que precisava desmentir antes que isto tome uma proporção maior. Eu me mantive calada, então ele continuou:
Rodrigo: - Adara, eu não tenho nada com o seu amigo. Eu nem sou homossexual. Eu não sei porque ele pensa isto de mim, mas acontece que ele me coloca em situações constrangedoras, e para não ser grosseiro, ou passar como intolerante, eu não sei cortar, você me entende?
Adara: - Te entendo, sim, claro. O que eu não entendo, é porque você está vindo me contar isto. Eu não tenho nada a ver com sua opção sexual, tampouco com a vida do Guilherme, nós nem nos falamos mais.
Rodrigo: - Eu sei. Não te devo satisfações, mas senti que deveria explicar, depois da cena que você viu. Ficou parecendo até que nós éramos um casal né?
Adara: - É, mas esta explicação você deve a sua namorada.
Neste momento, ele riu. E eu me mantive séria.
Rodrigo: - Eu não tenho namorada.
Por impulso, mas já com receio da resposta, perguntei: E quem é Bela? Ele disse: é a minha filha.
Notei um brilho nos olhos dele, quando falou dela. Ficamos em silêncio por alguns minutos, então ele pegou o celular e me mostrou a foto deles dois juntos. Era uma pequena querida, muito linda, mas com poucos traços dele. Ele me disse que a Isabela iria fazer dois anos em alguns meses, e que estava se preparando para fazer a festa dela. Disse-me também que não a trouxe hoje, pois ela estava meio febril por conta de um dente. Eu não sei porque, mas todas essas informações, essa conversa e aproximação repentina, me deixou feliz. Sei lá, o Rodrigo não é tão fechado como eu pensava. E o Guilherme, acabou ajudando sem nem saber.
Ele terminou com a água e eu decidir pedir meu uber. Antes de eu entrar no carro, trocamos números e ele me esperou entrar, me prometendo avisar que cheguei bem. Achei fofo. Obviamente não demorei de chegar em casa, e obedeci o avisando que cheguei bem, ele mandou uma figurinha de uma coreana engraçada, e disse que estava ocupado limpando e organizando as coisas na casa.
Entrei em casa sorrindo, mas logo não durou muito a alegria. Encontrei minha mãe sentada no sofá, chorando muito. No começo, ela não quis falar o porquê, mas depois que fiquei um tempo calada só sentada ao lado dela, ela disse: Eu e o seu pai, nos separamos. Eu não soube nem como me sentir diante daquela novidade, então ela continuou: Ele esteve aqui hoje, para buscar as coisas dele, e encontrou seu irmão fumando no quarto. Me culpou e jogou na minha cara de que não sou uma boa mãe, que não tenho pulso firme com vocês.
Adara: Mainha isso é mentira. A senhora sempre fez tudo por nós, e o Lucas só não está em uma boa fase.
Analice: É minha filha, mas isso agora não importa. O que eu fiz estes anos ele não considerou. E nos deixou aqui, e eu não sei como fazer para nos manter. O que eu ganho com as costuras é pouco, e eu não quero ter que incomodar parente.
Adara: Não inha, não vamos incomodar ninguém. Eu vou arrumar um emprego. Vou chamar o Lucas para conversar e ele também pode trabalhar para ajudar.
Analice: Minha filha, as coisas vão ficar um pouco difíceis. Eu não sei por onde começar.
Adara: Mas daremos um jeito.
Abracei minha mãe e me segurei para não chorar. Mainha tem um sério problema em pedir ajuda, e isso eu puxei dela também. Eu sempre acho que estou incomodando ao pedir ajuda, e tenho medo de ouvir não, então eu não peço. Sei que meu avô ajudaria, se pedíssemos, ou até o tio Paulo, que tem mais condições na família, mas eu entendo ela, e farei o que estiver ao meu alcance para que a gente não passe dificuldade.
Ficamos um tempo abraçadas e depois cada uma foi para o seu quarto. Mainha não é de chorar ou demonstrar fraqueza, então se ela fez isso, sei que a situação está séria. Lucas não havia chegado ainda, mas amanhã conversaria com ele. Fui me despindo para tomar banho, depois voltei e fui esvaziar a bolsa. Peguei aquele papel que dona Adalgisa me deu e fiquei pensando a respeito. Acho que esta semana vou até a casa dessa moça, ouvir o que ela tem a dizer. Enfim, fui dormir pensando no quanto as coisas mudaram de forma tão intensa. Já deitada, meu celular notificou duas mensagens. Uma escrita do Rodrigo, e um áudio do Bruno, ambos me desejando uma boa noite de sono, e o Bruno agradecendo por eu ter ido. Sorri travessa, não sei onde isso vai parar, mas respondi os dois.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu, Adara
Любовные романыQuando fui chuva, cai. Quando fui água, fluir. Quando me perdi, te encontrei.