Capítulo 2

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John

Lembro a primeira vez que vi Caterina, estava na escola conversando com meu primo em frente ao seu armário quando alguém esbarrou em mim nos levando ao chão, e assim como foi a rapidez de nos derrubar, a pessoa se levantou murmurando pedidos de desculpas, meu primo me ajudou a levantar e já estava pronto para xingar a causadora daquele desastre, mas as palavras ficaram presas em minha garganta quando meu olhos pousaram na garota encantadora a minha frente, ela estava nitidamente apavorada, suas bochechas gordinhas se encontravam vermelhas pelo constrangimento, dei um passo a frente e assustada ela tentou se afastar quase caindo por tropeçar em sua bolsa que estava caida, a segurei com um pouco de firmeza e seu cheiro suave e floral me embalou me dando a vontade de enfiar meu nariz no pescoço pálido para sentir aquela fragrância direto da fonte, senti a raiva borbulhar em meu peito ao ver medo refletir em seus olhos enquanto gaguejava pedidos de desculpas por me derrubar no corredor lotado da escola nos levando a ser o centro das atenções naquele momento. Sorri para ela tentando acalma-la porém a única coisa que tive foi um outro pedido de desculpa embargado e seu afastamento repentino, ela pegou sua mochila do chão e mais uma vez se desculpo logo indo embora em passos apressados. Suspirei frustrado pois queria ficar ali sentindo mais um pouco do seu cheiro gostoso, me agacho para pegar minha mochila e noto um pequeno acessório de cabelo feito de tecido no formato de um laço próximo a minha mochila, o peguei e o levei até meu nariz sentindo o cheiro fraco do perfume dela no objeto e o coloquei em meu bolso, olhei na direção em que ela foi embora e abri um sorriso, ainda sentindo os olhares dos alunos sobre mim.

-Tenho dó daquela menina! Finn murmurou dando um riso irônico enquanto pega suas coisas no armário.

Logo Charlotte se aproximou junto ao seu irmão com suas preocupações forçadas e lembro de quase quebrar o pescoço dela quando insultou a ruivinha em minha frente, a ví ficar roxa gradativamente enquanto seu irmão implorava para que a soltasse e assim que o fiz ela se afastou apavorada apenas dei as costas saindo tranquilamente dali.

Meu tio me falou do meu transtorno mental conhecido como TEI( transtorno explosivo intermitente) que basicamente consiste em um comportamento agressivo ou explosões de raiva me levando ao descontrole.

Depois desse encontro a observei todo os dias, seu comportamento medroso em relação a outras pessoas, instiga o meu lado protetor. Tentei me aproximar algumas vezes, mas ela sempre fugia de mim como o diabo foge da cruz me deixando nervoso e logo desencadeando o meu transtorno que tomava conta do meu ser me levando a descontar a sua recusa violentamente em outras pessoas principalmente nos que incomodavam ela com piadinhas ofensivas.

Lembro da vez que bati em um dos seus colegas de classe quando a ví entrar chorando no banheiro feminino e ficar de frente ao espelho tentando tirar o chiclete grudado em seus fios cobreados, chamei Samanta para ajudá-la e então fui atrás do que tinha feito aquilo com ela, assim que descobri quem foi o encontrei atrás da escola onde muitos ficavam para matar aula ou para se pegarem. E ali mesmo descontei toda a fúria em meu peito, senti prazer ao ver seu rosto ensanguentados enquanto seus amigos me olhavam horrorizados.

Fui suspenso da escola por uma semana e Samanta sempre me contava sobre Caterina a garota por qual criei uma obsessão quase doentia, a duas foram se tornando amigas até o ponto de serem inseparáveis e gostei disso pois com Samanta junto a ela ninguém se atreveria a mexer com ela novamente. O tempo foi passando e minha obsessão por ela só aumentando, espantava qualquer um que tentava se aproximar dela e de minha irmã. A rodeava como um lobo encurralado sua presa, fazia qualquer coisa para está ao seu lado e até recebendo seus xingamentos ao qual me fazia sorrir satisfeito com suas bochechas rubras em raiva a disparar as palavras de ódio contra mim.

Até mesmo reprovei uma vez para que pudesse acompanhar-la na mesma série e protege-la dos outros estudante pois sei que quando eu e minha irmã não estava por perto palavras maldosas eram deferidas contra ela a fazendo se manter no seu mundo solitário e se afastar de nós já que a maioria das vezes essas ofensas era pela sua aproximidade conosco.

E agora ao olhar para ela deitada nessa maca tão pálida e frágil me faz odiar seu pai cada vez mais. A pessoa que devia protege-la é o primeiro a machuca-la dessa forma, a sensação que já conheço toma conta de meu corpo. Me levanto da cadeira e quando vou sair do quarto sou segurado por meu pai e tio e grito em fúria, a vontade de matar todos que ousaram toca-la para machuca-la toma conta da minha mente insana. Vejo o médico que é amigo do meu pai e sabe sobre meu transtorno se aproximar com uma seringa em sua mão e tento acerta-lo mais estou bem contido nos braços que me seguram forte e meu tio acena para o médico e logo sinto uma picada em meu braço e o xingo o fazendo se afastar depressa, aos poucos meu corpo vai pesando e um tempo depois não vejo mais nada.

Acordo meio zonzo e tento mover minhas mãos percebendo que estou amarrado na maca do hospital suspiro revirando os olhos. Observo ao redor vendo meu tio sentado na cadeira perto da janela enquanto fuma um charuto. O cheiro de nicotina exala o quarto trazendo consigo a necessidade de fumar também. Sei que não é um hábito saudável e esse é um dos motivos das reclamações de Caterina que diz que morrerei cedo pelo fumo excessivo.

-Está mais calmo?. Meu tio se aproxima e apenas afirmo ele desata as fitas que me continham e me sento tomando o charuto de seus lábios dando uma tragada sentindo meu corpo relaxar quando o gosto amargo da nicotina toma conta de minha boca. Sopro a fumaça e trago mais uma vez devolvendo o charuto para ele novamente.

- Como ela está?. Ele me encara por algum momento e suspira.

-Dormindo, o médico disse que seus órgãos internos estão inflamados por causa das agressões recorrentes que ela sofre! Olho para ele sentindo raiva ao ouvir isso e pego o charuto novamente, somente isso conseguirá me acalmar agora.

Samanta entra no quarto e vejo seus olhos vermelhos e inchados e sei que ela está muito preocupada com sua amiga, pois como ela mesmo já disse Caterine e quase uma irmã para ela então tudo que afeta sua amiga a afetará também. Eu já sabia que o pai de Caterina a agredia e isso me fez até fazer uma visitinha a ele e lhe dar uma bela surra por ele a tocar, mas estou achando que não foi o suficiente e que ele ainda não aprendeu com seus erros.

-O que vamos fazer irmão, ela não pode continuar servindo como um saco de pancadas para aquele velho asqueroso!?. Diz com raiva.

- Irei fazer uma visitinha a ele novamente, sinto que a surra de antes não foi o suficiente para ele saber que nunca se deve tocar naquilo que pertence a um Shelby! Digo a ela e a vejo sorrir meu tio me encara e vejo orgulho estampado em seu rosto.

-Irei espera-lo lá fora! ele diz e se retira do quarto me deixando sozinho com Samanta.

- Irei confiar em você para resolver essa situação ou eu mesma acabo com aquele velho! Diz e se vai também, me levanto da maca e me retiro do quarto vejo minha irmã sentada em uma das cadeiras que estão enfileiradas no imenso corredor e aponta para a porta branca onde entro encontrando meu pai lendo um jornal sentado na cadeira perto da maca onde a ruivinha está dormindo com uma feição pacífica como se nada no mundo pudesse a fazer mal naquele momento, toco sua bochecha macia e pálida.

- Eu irei fazer de tudo para que seu sofrimento acabe ruivinha! Sussurro próximo ao seu rosto e deixo um breve selar em seus lábios gelados. -Cuide dela! Olho para meu pai que apenas afirma e saiu do quarto sendo seguido por meu tio e alguns homens que trabalham conosco.

A noiva de John Shelby Onde histórias criam vida. Descubra agora