Minha tia não mentiu, depois de passarmos pelos portões principais da cede da reserva, andamos ainda por mais um ou dois quilômetros a dentro de um caminho rodeado de árvores, abri a janela do carro e inspirei o cheiro de ar puro que vinha de fora, o verde das árvores pareciam me seguir por uma longa estrada, chegamos por fim há um portão de madeira muito bonito, minha tia desceu do carro e o abriu, depois voltou para o carro e seguiu para dentro, só então eu percebi a beleza da casa a minha frente, era uma casa em formato hexagonal toda feita de troncos de árvore envernizados na parte de baixo e na parte de cima toda fechada de vidros de tom fumê, parecia uma casa de filme, era encantadora.
- É perfeita!
- Você gostou?
Assenti com a cabeça.
- É muito linda.
Ela sorriu se dirigindo a porta, assim que eu entrei me apaixonei pela lareira de tijolos a vista, já podia me imaginar tomando chá com um belo livro em um dia de chuva, aquilo parecia perfeito!
Sem pensar muito abracei minha tia com força.
Ela pereceu ficar surpresa.
- O que foi Alicia?
- Muito obrigada tia, obrigada por me convidar para morar com você! Estou muito feliz!
Minha tia correspondeu o abraço um pouco desajeitada e só então eu percebi que ela estava emocionada com minha atitude, Helena não parecia ser o tipo de pessoa aberta a demonstrações de afeto, porém tinha um coração de manteiga.
- O seu quarto é no andar de cima.
Falou com a voz embargada, eu sorri fingindo não perceber e segui pelas escadas para cima dando um tempo para ela se recompor atrás de mim.
Ela indicou uma porta no final do corredor e eu girei a maçaneta, o quarto era um sonho, a cama cheia de babados em tom rosa e coberta de ursos de pelúcia indicavam de fato ela esperava por uma criança, sorri sem graça.
- Se quiser podemos trocar a roupa de cama.
- Eu adorei, está perfeito assim.
Duas janelas grandes de vidro davam para uma varanda lateral que ficava de frente para a floresta, aquela era a melhor paisagem de todas para acordar pela manhã, pensei, caminhei até ela afastando a cortina e abrindo a porta devagar, sorri sentindo o vento gelado endurecer levemente o meu rosto, mas logo fui despertada por um barulho, abri os olhos assustada e notei um corvo negro sentado no beiral da varanda me olhando intrigado com seus olhos alaranjados, me assustei soltando um grito e dando um passo para trás.
- Sai pra lá bicho!
Berrou minha tia assustando o animal dali, porém ele voou para o galho da árvore ali perto e ainda olhando para mim gritou batendo as asas, como se dissesse "vá embora, aqui não é seu lugar"!
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Alicia e o Condenado
RomanceAté onde você seria capaz de ir por amor? Seria capaz de entregar sua alma? De condenar seu corpo as chamas? Seria capaz de morrer por quem ama? As vezes nossas fantasias infantis podem se tornar grandes pesadelos e talvez viver entre os limites do...