Sophia me deixou em casa e eu subi para meu quarto, troquei de roupas, guardei minha mala, rasguei o bilhete deixado para Helena e acendi uma vela.
- Meu santo anjo da guarda, eu sei que eu devo ter um em algum lugar desse mundo, por favor, protege o Caled para mim e faz ele ficar bom logo, eu nunca quis machucá-lo, ele é importante para mim, muito importante, amém!
Sob um galho de árvore Rafael observou Alicia enquanto ela rezava, ele não sabia ao certo como aquela história terminaria, mas definitivamente alguma coisa mais profunda rolava entre esses dois, se havia ou não algum propósito de assim ser, ele não sabia, mas estava começando a desconfiar que não era necessário ter um.
No dia seguinte antes de ir para o colégio eu fiquei olhando para o bendito colar sobre a escrivaninha, agora que eu sabia sua função não via porque de não usar, afinal no fundo eu não queria que Caled sentisse a minha presença, não enquanto ele ainda estivesse com raiva, apesar de que eu duvidava que essa raiva um dia passaria.
Assim que cheguei na escola Sophia veio até mim agitada.
- Estão todos falando do assalto na casa do Caled.
- Assalto?
- É, ele falou que foi rendido por dois homens assim que chegou de viagem e foi ferido, a Hulia nem ficou na escola, correu para o hospital para visitá-lo.
Eu fechei os olhos e mordisquei o lábio, Deus! Eu tinha tentado matá-lo e mesmo assim ele tinha mentido para me proteger, definitivamente eu já não sabia mais o que pensar sobre ele, será mesmo que Haziel estava certo? E se estava porque eu não conseguia vê-lo da mesma forma que ele?
Sophia continuava me olhando séria de braços cruzados.
- Vai me contar o que houve ou não?
- Eu o esfaqueei.
Ela arregalou os olhos apavorada.
- Você fez o que?
- Fiquei com raiva dele, sabe como ele me provoca e sem querer agi por impulso, juro que não foi por mal, porém perdi meu autocontrole.
- Meu Deus Alicia! Você poderia ter matado ele.
Sim eu sabia disso e se tudo tivesse funcionado como Haziel tinha planejado ele certamente estaria morto, mas por alguma razão não funcionou.
Ela respirou fundo se acalmando.
- Escute, seu segredo está seguro comigo, se nem ele não te entregou não serei eu a fazê-lo, mas acho que você precisa se afastar dele, se ele te faz tanto mal assim a ponto de você pensar em feri-lo, então isso não te faz nenhum bem.
Sophia estava certa, mais uma vez, ao contrário de mim ela era sensata.
- Eu sei.
Segundos depois ela mordiscou o lábio.
- Porém, devo admitir que o Caled deve se importar muito com você, se fosse qualquer outra tenho certeza que ele teria entregado para a policia.
- Você acha?
- Tenho certeza, ele já entregou outras meninas que invadiram as terras dele por bem menos, não sei por que ele não fez isso com você, mas acho que deveria agradecer a ele por isso.
Nessa hora a diretora da escola acenou para nós e chamou nossos nomes interrompendo nossa conversa.
- Alicia! Sophia! Venham até minha sala.
Nós nos encaramos e suspiramos ao mesmo tempo imaginando o que estava por vir.
Assim que entramos ela fez um sinal para que fechássemos a porta e sentássemos nas cadeiras à frente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Alicia e o Condenado
RomansaAté onde você seria capaz de ir por amor? Seria capaz de entregar sua alma? De condenar seu corpo as chamas? Seria capaz de morrer por quem ama? As vezes nossas fantasias infantis podem se tornar grandes pesadelos e talvez viver entre os limites do...