25º capítulo

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Ouvi um barulho que indicava que minha tia estava voltando e corri esconder o punhal na gaveta, assim que ela abriu a porta eu já estava sentada na cama pensando sobre o pedido que Haziel acabará de me fazer.

- Que olhar é esse Alicia?

Olhei para minha tia que me observava calmamente com a xícara de chá nas mãos.

- Não é nada tia, eu apenas estava pensando sobre o pesadelo que tive.

Aceitei o chá que ela me oferecia e tomei cerca de dois goles, ela me deixou sozinha para que eu me acalmasse, terminei de tomar o chá e decidi tomar um banho, então era por isso que Caled não tinha me enviado nenhuma mensagem, o colar o bloqueava, sim isso fazia todo o sentido, por isso ele tinha pedido para que eu ligasse, já que ele não poderia fazê-lo, mas então se o colar o bloqueava, estava tudo certo não estava? Era só eu manter o colar comigo e ele não conseguiria mais estabelecer contato, eu estaria a salvo dele para sempre, respirei fundo pensando, isso seria bem mais fácil que enfiar um punhal nele, mas como eu me livraria de Haziel? Foi nessa hora que algo voltou a se passar pela minha cabeça, se Caled queria tanto o meu mal então porque tinha me dado uma arma que poderia ser usada justamente contra ele? Tendo posse daquele colar eu estava segura, se era meu mal que ele queria por que me daria aquilo?

Jantei em silêncio e decidi ir dormir cedo, eu precisava descansar, descansar e por as ideia no lugar, por mais que eu soubesse que Caled era um monstro e eu o odiasse com todas minhas forças agora que eu sabia que ele tinha me enganado, ainda assim eu não me sentia segura sobre mata-lo, tudo bem, não era matar, de acordo com Haziel eu apenas ia bloquear a alma dele, porém o que aconteceria com seu corpo?

Eu precisava pensar sobre isso.

Quando o dia amanheceu eu estava ainda mais cansada do que quando eu tinha ido deitar, e um par de olheiras bem significativas me acompanhava, Sophia me observou chegando na escola.

- Que horror, que cara é essa?

- Não dormi a noite toda.

- Sua tia me contou, disse que os pesadelos com sua mãe voltaram, deve ser horrível isso.

- Você não faz ideia, foi muito real, muito real mesmo.

Eu disse me lembrando de como tinha sido reviver aquilo, a dor ainda estava dentro de mim.

- Sinto muito Alicia, alguma noticia de Caled?

Eu abri e fechei a boca sem ter uma resposta, não, nenhuma... Pensei, e nessa hora concluí, mesmo que eu permanecesse com o colar e o afastasse de mim, mesmo que eu decidisse cravar o punhal nele e lacra-lo para sempre, ainda assim as pessoas sempre me perguntariam por ele, elas sempre em algum momento iriam querer saber o que tinha acontecido e eu sabendo o que de fato tinha acontecido me sentiria tão vazia e ao mesmo tempo tão morta por dentro que não saberia lidar com isso, eu não era como Caled ou como Haziel, eu não acreditava que a morte pudesse simplesmente resolver tudo, tirar alguém do seu caminho não o tornaria mais fácil, se não aquela pessoa, outras acabariam aparecendo e então o que você faria? Destruiria uma por uma? Até não restarem inimigos? Ou até todos te temerem e decidirem se afastar? Então era isso que eu deveria fazer? Fugir dos meus problemas destruindo quem se colocasse na frente? Isso não parecia o que um anjo faria, um anjo não deveria ser amor? Matar pessoas, não me parecia ser amor em nenhuma circunstância.

- Não, ele não ligou e eu também não, acho que é melhor assim, me afastar um pouco dele, afinal todos dizem que é errado estarmos próximos.

- Não é que seja errado, apenas acredito que todos pensam o mesmo, você é boa demais para ele.

Eu respirei fundo e abaixei a cabeça, há alguns segundos atrás eu estava planejando como apunhala-lo pelas costas pelo que ele fez a minha mãe e agora eu era obrigada a ouvir isso, quão melhor que ele eu era?

Alicia e o CondenadoOnde histórias criam vida. Descubra agora