11º Capítulo

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Depois que Alicia adormeceu Caled a observou dormindo, o rosto ainda estava úmido pelas lágrimas, por mais que soubesse que ela sofria era melhor assim, dessa forma ela pensaria dez vezes antes de voltar a procurá-lo.

Quando já estava indo embora ouviu alguém bater palmas atrás de si e se virou rapidamente.

- Karen, eu devia ter imaginado que estava por trás disso.

- Caled Ferhell, é esse o sobrenome que adotou? Adorei! Combina com você.

- Quem te enviou e por que ela?

- Ágares, ele acha que ela é uma ameaça e sabe, analisando suas atitudes acho que ele está certo, você anda tão distraído, mal tem enviado aliados a nós, estamos sentindo falta dos seus trabalhos.

- Faz muitos anos que me afastei.

- Ninguém se afasta por completo e eu sei que você ainda trabalha a seu modo, mesmo que mais silencioso, agora pare de bancar o bom samaritano e me responda, por que ela? Por que uma garotinha tão sem sal é capaz de ter um domínio tão grande sobre você? Logo você o substituto escolhido, seu pai teria vergonha.

- Nunca quis o lugar do meu pai e se quer saber eu não lhe devo satisfações, agora você vai sumir e deixar ela em paz!

Ela riu alto.

- Jura? Esta mesmo me dando ordens para sair? Agora que a mente dela já está tão confusa é que está ficando divertido.

Karen olhou para Alicia que dormia e a fez se contorcer na cama criando visões em sua mente.

- Pare!

Ela sorriu olhando para ele.

- Veja só, veja o seu sofrimento, como pode ter se apaixonado assim? Preocupa-se realmente com essa garotinha, não é?

Caled saltou sobre Karen a derrubando da varanda e a cravando no chão da casa, suas asas se abriram e como lanças se cravaram ao redor do demônio.

- Vai deixar ela em paz.

- Isso é uma ameaça? Vai mesmo ameaçar uns dos seus?

- E posso fazer bem mais do que ameaçar também, então desapareça!

Como se recebesse uma ordem Karen sumiu em uma nuvem negra se dissipando no ar, Caled arrumou o paletó e voltou para o quarto de Alicia.

- Não vou deixar que nenhum deles volte a perturbá-la, descanse Alicia, você está a salvo agora.

O primeiro dia de aula, o primeiro dia de aula em um colégio novo onde eu praticamente não conhecia ninguém, mas que basicamente 80% já pensava que eu era louca, suspirei sentada na cama pensando se eu deveria ir ou inventar uma dor de barriga, ouvi as batidas insistentes de Helena na porta, desde ontem não estávamos nos falando direito.

- Já acordei, vou descer logo.

Ela não respondeu, mas acreditei que tinha entendido, me arrastei para o banho e fiquei muito feliz de saber que não havia aranhas no banheiro, por incrível que fosse eu também não estava me sentindo tão perturbada como nos outros dias, do lado de fora o sol brilhava perfeito no céu, analisei as árvores procurando pelo meu velho amigo corvo, mas ele não estava lá, era um dia comum, como nenhum outro dia tinha sido desde que eu tinha chegado a Toronto.

Desci com a mochila no ombro e me sentei para tomar café.

- Marquei psicóloga para você depois da aula, tudo bem?

Eu apenas ergui o olhar e concordei com a cabeça, aquilo foi o suficiente para ela iniciar uma longa ladainha explicativa como se aquilo fosse necessário.

Alicia e o CondenadoOnde histórias criam vida. Descubra agora