Assim que eu cheguei em casa eu me atirei sobre a cama do meu quarto, minha tia veio até mim e se pendurou na porta para dentro.
- Tudo bem?
- Tudo, eu acho.
- Acha?
- Contou para Sophia sobre o meu aniversário?
- Desculpa! Eu juro que não foi intencional! Ela me obrigou a falar.
Eu olhei de canto para minha tia, sim eu sabia Sophia sabia ser muito persuasiva quando queria.
- Tudo bem.
- Não é só por isso que está chateada não é?
- Não, a diretora quer que eu e Sophia organizemos uma homenagem ao Caled da semana que vêm.
- No fim de semana que vêm?
- Isso.
- No seu aniversário? Não né, impossível! Que sem noção e por que você?
- Ela não sabe que é meu aniversário, na verdade nem eu me lembrava disso até Sophia me lembrar, e ela quer que eu faça isso porque ela disse que notou que "ele só tem olhos para mim".
Minha tia abriu a boca horrorizada.
- Mas quem essa maluca pensa que é? O que ela quer? Jogar minha sobrinha no colo daquele delinquente? Amanhã mesmo vou ligar para a escola!
- Fique calma tia, está tudo bem, acho que não é culpa dela, porém o fato é que toda vez que Caled vai a escola ele faz uma doação, eu acho que o que ela quer é dinheiro e como eu e ele somos próximos quer usar isso como isca.
- Ainda assim! Isso é um disparate! Santo Deus, ela deveria estar preocupada em cuidar das alunas dela e não ficar jogando as mesmas no colo de velhos ricos!
- Caled não é velho.
- Ah! É claro que ele não é. – Minha tia parou pensando. – Na verdade faz muito tempo que eu o conheço e ele é estranhamente tão bem conservado, ele deveria ter uns 30 ou mais, mas até onde sei é bem mais novo.
- Ele tem vinte e três.
Ela ergueu a sobrancelha.
- É, deve ser isso mesmo.
Assim que ela saiu eu fiquei me perguntando por quanto tempo Caled conseguiria manipular a mente das pessoas para parecer normal o fato dele não envelhecer.
Levantei-me e abri a gaveta onde eu tinha escondido o punhal que Haziel tinha me dado, toda vez que eu encostava nele ele brilhava, na sua lateral pude ler uma frase escrita em latim, "Innocentibus est regnum caelorum", que queria dizer, Para os inocentes é o reino dos céus, suspirei fechando os olhos, eu precisava parar de pensar sobre isso, porém a cada segundo eu me sentia mais culpada, minha tia voltou até meu quarto novamente se pendurando para dentro, escondi o punhal rapidamente em minhas roupas.
- Alicia?
- Sim?
- Tudo bem se eu for até a casa do Billy?
- Vai jantar lá?
- Se você não se importar, se quiser posso pedir para Sophia vir para cá.
- Não tia, tudo bem eu vou ficar em casa, sozinha e... Dormir cedo.
- Certo. – Ela sorriu e saiu radiante, eu sabia que era exatamente aquilo que ela queria ouvir então eu já não ligava mais tentando inventar algo novo, assim que ela saiu eu caminhei até a varanda observando a sombra que as árvores faziam a medida que escurecia, eu precisava andar, andar e pensar a respeito de tudo.
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Alicia e o Condenado
RomanceAté onde você seria capaz de ir por amor? Seria capaz de entregar sua alma? De condenar seu corpo as chamas? Seria capaz de morrer por quem ama? As vezes nossas fantasias infantis podem se tornar grandes pesadelos e talvez viver entre os limites do...