Narcicista parte II

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Danilo
[2 semanas depois]

Conhecer Bárbara foi sem dúvida nenhuma um dos grandes presentes da minha vida, tínhamos muito em comum, ela gostava de livros, tinha prazer em visitar museus e, amava passar grande parte do tempo livre em casa. Descobri também que ela era uma das cozinheiras do hospital, fazendo parte de uma empresa, a qual fora contratada exatamente para esse fim.
Ela era uma menina nascida e criada no interior, tinha 19 anos, cursava enfermagem no período noturno, em uma faculdade privada, onde havia conseguido uma bolsa de estudos. Tinha um filho, chamado Guilherme, que contava com 2 anos de idade. O pai dele decidiu não assumir a criança, "fugindo" para Belo Horizonte, alegando outros compromissos.
Apesar da vida sofrida que a mulher levava e de não ter muito tempo para cuidar dela mesma, Bárbara transparecia felicidade, sempre buscando levar empatia por onde passava e, era justamente isso que me atraía nela, sua capacidade em sempre ver um lado positivo em tudo.
Depois de algumas refeições, as quais eu sempre fazia fora de hora, em sua companhia, comecei a perceber que, estava havendo a criação de um laço afetivo entre nós dois e que, aquilo não partia única e exclusivamente de mim, já que ela também demonstrava que estava sentindo algo diferente.
Combinamos que, eu sempre viria almoçar as 15:30, horário que, ela estava de folga, descansado por 30 minutos antes de voltar para a cozinha, para preparar o jantar dos pacientes. Nesse sentido, ela sempre me esperava com um prato de comida e, alguns quitutes, os quais eu sentia que ela fazia única e exclusivamente para mim.

"Este feijão está divino!" Falei enquanto dava uma última garfada no prato de arroz, feijão, bife e batatas fritas, que ela tinha preparado para mim. Ela sorriu com o elogio.

"Eu coloquei o feijão de molho ontem, comprei umas linguiças e um bacon para complementar!" Disse sorrindo "Lá em casa o pessoal só come feijão assim!" Finalizou "Eu também fiz este bolo de chocolate para você" Disse sorrindo.

Eu sentia que, Bárbara era uma mulher carente, fora mãe muito nova e, teve muitas privações na vida, sua mãe havia falecido quando ela era ainda uma criança e tinha 8 anos de idade e, o pai tinha vícios em drogas e álcool, por isso, a grande responsável por sua criação era sua avó Geralda e sua irmã mais velha, Márcia.
Por um lado eu gostava da nossa proximidade, achava bom ter uma amiga para conversar, alguém que não me achasse um ogro, como Maraísa e seus amigos achavam. Entretanto, no fundo, eu tinha medo dos rumos que essa amizade poderia tomar.

"Danilo?!" Ela me chamou enquanto eu saboreava mais uma garfada do bolo de chocolate que ela havia feito, estava tão divino que eu comia com os olhos fechados.

"Diga!" Falei retornando do transe. Ela me olhava, os olhos castanhos expressivos, a boca carnuda com o batom vermelho, demonstrava que, apesar do pouco tempo, ela tirava pelo menos alguns minutos do seu dia para se cuidar um pouco.

"O que acha de ir lá para casa hoje?" Ela propôs "Conhecer o Guilherme, minha avó e minha irmã. Eu não tenho aula hoje na faculdade, então daria" Ela disse sorrindo.

Era disso que eu tinha medo, por ser uma menina carente do interior, Bárbara não conhecia as malícias da vida, na verdade, tudo que ela queria era alguém que pudesse cuidar dela, de seus filho e de sua família e, ela via em mim esse tipo de pessoa.
Eu gostava dela, ela era uma mulher interessante, tinha muitas qualidades as quais eu admirava em uma mulher, era inteligente, esforçada, gostava de estudar, tinha disposição mesmo com todas as adversidades que a vida lhe pregava. Entretanto, eu não posso mentir que Maraísa ainda povoava meus pensamentos.
Certo, eu tenho que admitir que sentia falta dela, queria saber como ela estava depois de todos esses dias, tinha curiosidade em saber se ela estava com Sérgio ou não, todavia, eu me sentia cansado de brigar, parece que todas as vezes que estávamos prestes a ficar juntos, algo ocorria e nos separava novamente.
Nesse sentido, de uns tempos para cá, comecei a pensar se nós dois realmente estávamos predestinados a ficar juntos e, se não era melhor procurar uma pessoa sem tantos medos e, com um passado não tão obscuro e complicado como o de Maraísa.

Quebra cabeça do destino [DANISA]Onde histórias criam vida. Descubra agora